Estadão

Botafogo repudia invasão, cobra medidas da polícia e promete evolução em campo

Horas após a invasão de torcedores no CT Lonier, a direção do Botafogo veio a público na tarde desta quarta-feira para repudiar a atitude dos membros de uma organizada, cobrar providências da polícia e avisar que está trabalhando para evoluir dentro de campo neste Brasileirão.

"O clube repudia veementemente a forma como funcionários e atletas foram ameaçados, intimidados e hostilizados dentro de um ambiente privado, de trabalho, e no exercício de suas funções. É inadmissível e o Botafogo não vai aceitar este tipo de ocorrência. Assim como sabe que os envolvidos não representam a torcida alvinegra", registrou o clube.

A invasão aconteceu pela manhã e foi feita por poucos torcedores, que surpreenderam jogadores em trabalho de reabilitação física e fisioterapia. Eles foram cercados, intimidados, xingados e obrigados a dar explicação por todo o elenco. A ira tinha alguns alvos, como Patrick de Paula, Lucas Piazon e Tchê Tchê, reforços que não estão rendendo o esperado na visão da torcida, além de Chay, remanescente da campanha do acesso em 2021.

Pouco depois, a polícia esteve no local para apurar o que havia acontecido. "A polícia foi acionada e a equipe operacional está monitorando a situação para que sejam tomadas as providências cabíveis. O clube aguarda medidas severas dos órgãos competentes. O futebol brasileiro não pode mais se sujeitar a este tipo de episódio, que tem sido recorrente em diversos clubes do país", disse o clube, em comunicado.

"Protestos são válidos e aceitos, mas desde que não extrapolem o ambiente de civilidade. Os torcedores têm todo direito de se manifestarem, mas atitudes como essa, com invasão e ameaças, prejudicam a equipe e os projetos que estão em curso."

O clube garantiu que está trabalhando para recuperar as boas atuações e as vitórias na temporada. O Botafogo soma cinco jogos consecutivos sem triunfos – desde os 3 a 1 no Fortaleza na sexta rodada -, sendo quatro derrotas seguidas. A torcida chamou o técnico português Luís Castro de "burro" e o time de "sem vergonha" após o revés por 1 a 0 diante do Avaí, na segunda-feira.

"Ações internas estão sendo realizadas diariamente, com todos os envolvidos no futebol, visando encontrar soluções que gerem melhores resultados em todos os setores. Entendemos o momento complicado em campo. Diretoria, comissão técnica e funcionários estão imbuídos com o projeto de desenvolvimento da SAF e todos estão mobilizados para buscar os melhores caminhos para a Botafogo."

O clube carioca começou o Brasileirão na empolgação dos investimentos prometidos pelo empresário americano John Textor, que adquiriu a Sociedade Anomia de Futebol (SAF) do clube. O time somou bons resultados nas primeiras rodadas, mas vem caindo de rendimento a cada partida.

"A SAF segue com o seu propósito de resgatar o Botafogo e não vai medir esforços para isso. Independentemente de uma fase ruim, as ideias e o projeto seguem inabaláveis e certo de que um caminho sólido está sendo construído."

Especialista no tema, o advogado Eduardo Carlezzo afirmou que a pressão da torcida sobre os clubes que se tornaram SAF ou estão em vias de passar por esta mudança, caso ainda do Cruzeiro e do Vasco, podem afastar eventuais investidores.

"É muito cedo para falar em afastamento do investidor. Porém, uma repetição de fatos como esse nos três clubes que são SAF pode sim gerar uma sensação de insegurança para futuros investidores e atrapalhar investimentos em outras SAF, pois a lógica empresarial não está acostumada com esse tipo de situação", comentou.

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