O presidente global do Santander, Emilio Botín, reafirmou nesta terça-feira, 29, que o informe econômico enviado a clientes do segmento Select (renda mensal superior a R$ 10 mil mensais) não reflete a opinião do banco. A análise sugeria deterioração da economia no caso da reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
“A opinião foi de um analista, não é a opinião do banco Santander”, disse durante coletiva à imprensa nesta tarde, no encerramento do III Encontro Internacional de Reitores, no Rio. Apesar disso, ele se esquivou de tecer comentários sobre as declarações da presidente Dilma, que ontem classificou a resposta do banco como “protocolar” e disse ser “inadmissível” que o mercado financeiro interfira nas eleições.
Segundo Botín, as medidas consideradas necessárias foram tomadas, entre elas a demissão do analista responsável pelo texto, que o fez sem autorização da instituição. Botín também citou que o presidente do Santander no Brasil, Jesús Zabalza, enviou uma carta à presidente Dilma, mas não revelou seu conteúdo.
“Quero dizer-lhe (à presidente), isso acontece muitas vezes. Temos 180 mil funcionários em dez países importantes. Isso acontece muitas vezes em muitos bancos”, disse Botín.
Para o evento, que reuniu mais de mil reitores de diversos países, eram esperadas autoridades do círculo federal. Mas, após o informe polêmico, o encontro não teve a presença de nenhum representante de Dilma – o vice-presidente Michel Temer, que tinha confirmado sua vinda, cancelou o compromisso no fim de semana. Hoje, segundo dia de evento, apenas o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, compareceu à cerimônia de encerramento.
Questionado sobre as ausências, Botín disse que gostaria de ter recebido representantes do governo, mas o fato não tirou o brilho do evento. “Perguntem a eles (por que não vieram). Eu não sei”, afirmou.
O presidente global do Santander também não comentou as críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Presidente Lula é um grande amigo. Só tenho elogios a ele”, disse.