Os conselhos de administração da Cetip e da BM&FBovespa devem aprovar nesta quinta-feira, 7, a proposta de fusão entre as companhias, apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Segundo fontes, os dois grupos devem se reunir para tratar da proposta feita pela Bolsa à depositária. Com isso, as empresas estão muito próximas de combinar seus negócios e criar uma nova empresa com valor de mercado de cerca de R$ 40 bilhões.
Para a transação se concretizar, depois do aval dos conselhos, a combinação das atividades das empresas deverá ser aprovada em assembleia de acionistas. Como todo o processo de fusão ou aquisição do setor, posteriormente terá de passar pelo crivo do Banco Central (BC), da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A operação se desenrola no momento em que o Brasil enfrenta uma crise política e econômica, que leva o mercado de capitais a se arrastar, diante da falta de confiança de empresas e investidores. O objetivo da união seria construir uma empresa mais robusta para quando ocorrer uma retomada do mercado.
A Cetip foi criada em 1984 pelas próprias instituições financeiras (bancos, corretoras e distribuidoras de valores), em conjunto com o Banco Central. Na época, o objetivo era garantir segurança e agilidade às operações do mercado financeiro.
O início das atividades foi em 1986. Hoje, mais de 15 mil instituições participantes utilizam os serviços da Cetip. Além de sua unidade de valores mobiliários, a Cetip possui uma divisão de financiamento, proveniente da aquisição da GRV Solutions, que faz, por exemplo, o registro de gravames pelos órgãos de trânsito.
Atualmente, a principal acionista da Cetip, com 12% do capital social, é a ICE, que adquiriu a Nyse Euronext, controladora da Bolsa de Nova York, há quatro anos. Já o restante das ações da Cetip está em circulação no mercado. A companhia é a chamada “true corporation”, ou seja, uma empresa de capital pulverizado.
Valor do negócio
A oferta da BM&FBovespa estipula um preço de R$ 41 por ação da depositária e foi feita em 19 de fevereiro deste ano. A proposta prevê pagamento aos acionistas da depositária de 75% em dinheiro e o restante em ações.
No entanto, desde que a possibilidade de uma fusão com a Bovespa passou a ser uma possibilidade, as ações da Cetip passaram por um forte movimento de alta. Na terça-feira, os papéis fecharam cotados a R$ 45 – o que automaticamente elevaria o valor da proposta da Bolsa pelo ativo.
A BM&FBovespa usou como base o valor de sua ação em 30 de outubro de 2015, dia que antecedeu a primeira proposta feita pela depositária – que foi rejeitada e posteriormente elevada -, quando seu papel fechou cotado a R$ 11,40.
Outra mudança que se dará é o reajuste da proposta pela correção do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) a partir da reunião do conselho da Cetip que aprovar o negócio – ou seja, a partir do fim das reuniões desta quinta -, e não mais a partir da assembleia de acionistas, que ainda não tem data para acontecer.
Segundo fontes ligadas à operação, o “gatilho” para a correção da operação é importante para a Cetip, já que o pagamento efetivo só será feito depois da aprovação pelo Cade – processo que pode levar meses. Se a correção começar mais cedo, o valor em espécie a ser recebido pelos acionistas da depositária será mais alto.
Procuradas, as duas empresas não quiserem comentar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.