Um dia depois da aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, o mercado de ações dedicou esta segunda-feira, 18, a um movimento de correções de preços. Depois de acumular ganhos de 5,84% na semana passada, o Índice Bovespa fechou hoje em queda de 0,63%, aos 52.894,08 pontos.
O recuo do petróleo foi importante fator de influência sobre a bolsa durante todo o dia e foi determinado pela falta de acordo em Doha entre os países produtores da commodity quanto ao congelamento da produção do óleo. Na Bovespa, as perdas da commodity foram sentidas principalmente nas ações da Petrobras, que passaram por forte realização de lucros. Ao final do pregão, Petro ON caiu 1,26% e Petro PN, -4,64%. Já a influência positiva dos índices americanos foi bastante limitada neste pregão.
Segundo profissionais ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, houve também o “fator Cunha” na correção das ações. Conforme análises do mercado, o vice-presidente Michel Temer precisa sinalizar o quanto antes que vai se desvincular de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara e principal condutor do processo de impeachment até agora, para sustentar o voto de confiança que o mercado tem dado a ele.
Passadas apenas algumas horas da vitória da oposição na Câmara, o mercado já iniciou as especulações sobre quais nomes comporão um eventual governo Temer. Nome frequentemente aventado nas mesas de operações, o ex-presidente do Banco Central e chairman da J&F Investments, Henrique Meirelles, evitou comentar sobre sua eventual ida para um possível governo Temer. Mas não negou que tenha sido convidado para voltar para Brasília.
“Eu não comento conversas privadas. Tudo aquilo que é público é anunciado. Tudo que não é público, é privado”, disse Meirelles a jornalistas, após fazer uma apresentação em evento da Câmara de Comércio Brasil e Estados Unidos, onde defendeu a necessidade de reforma fiscal e estrutural para o Brasil voltar a crescer.