O recuo nos preços das matérias-primas brutas ganhou novo fôlego no atacado e contribuiu para que o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de agosto registrasse deflação mais intensa que o esperado pelo mercado financeiro. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), itens de peso como soja e bovinos continuam ficando cada vez mais baratos no âmbito da produção.
As matérias-primas brutas recuaram de 2,38% em agosto, ante queda de 2,19% em julho, de acordo com a instituição. Para a desaceleração, contribuíram bovinos (1,46% para -1,01%), soja em grão (-2,85% para -4,55%), mandioca (-0,26% para -6,26%) e minério de ferro (-5,86% para -5,93%). O milho caiu menos em agosto, mas segue mostrando recuo expressivo, de -8,03%, ante -8,93% em julho. Enquanto isso, outros itens ganharam força, como café em grão (-5,22% para 3,77%) e laranja (-5,86% para 1,06%), mas foram insuficientes para puxar o grupo.
Entre os demais estágios de processamento, o movimento foi de aceleração, conforme o esperado pelos analistas e seguindo a tendência aguardada pela própria FGV. Nos bens intermediários, a queda de 0,10% foi menor do que o recuo de 0,24% em julho. Três dos cinco subgrupos apresentaram aceleração, com destaque para suprimentos, cuja taxa passou de -0,12% para 0,80%. Apesar disso, a queda da soja derrubou preços de derivados como o farelo do grão (-1,43% para -4,77%).
Nos bens finais, ainda houve redução de 0,51% nos preços, mas o ritmo é menor do que o observado em julho (-0,82%). O grupo ganha força na esteira dos alimentos in natura (-7,46% para -5,28%). Mesmo assim, há produtos ficando ainda mais baratos, como é o caso da batata-inglesa (-17,43% para -30,11%).
No conjunto, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que condensa os preços no atacado, caiu 0,91%, após recuo de 1,03% em julho. O IGP-10, por sua vez, cedeu 0,55%, praticamente o mesmo resultado de um mês atrás (-0,56%). Os analistas aguardavam uma queda entre 0,28% e 0,50%, com mediana de -0,40%, segundo o AE Projeções.