Economia

Bradesco aguarda aprovação do Cade nos próximos meses para a aquisição do HSBC

O Bradesco espera que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) dê seu aval para a aquisição da compra do HSBC nos próximos meses, de acordo com Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do banco. “Nossa expectativa é que nos próximos meses a autorização saia, completando a visão e a análise do Banco Central, que já autorizou a aquisição. Estamos aguardando as observações do Cade”, disse o executivo, em teleconferência com a imprensa, na manhã desta quinta-feira, 28.

Somente após a aprovação do Cade, segundo Luiz Carlos Angelotti, diretor gerente e de relações com investidores do Bradesco, é que o banco poderá seguir com o fechamento do negócio e assumir a gestão do HSBC no Brasil. “O Cade está na fase de análise, provavelmente, concluindo sua análise. Até lá, não podemos tomar nenhuma decisão”, afirmou Angelotti.

De acordo com ele, o Bradesco tem “total conforto” em termos de Basileia para seguir com a aquisição do HSBC. Angelotti lembrou que o banco teve “melhora estrutural” no seu índice durante o quarto trimestre.

Da Basileia total, de 16,8% no quarto trimestre, 12,7% corresponderam ao capital principal ou de Nível I, de melhor qualidade. O indicador melhorou 1,3 p.p em relação ao terceiro trimestre. O capital de nível II representou os outros 4,1%, acima dos 3,0%, na mesma base de comparação.

No caso do capital de nível 2, a melhora foi possível, conforme Angelotti, graças à uma emissão que o Bradesco fez no quatro trimestre de 2015, de R$ 5,8 bilhões em letras financeiras subordinadas.

Ele não detalhou, contudo, os investidores que teriam adquirido esses papéis. Citou, apenas, que foram clientes do banco e fundos e negou que a emissão de R$ 5 bilhões em debêntures da NCF Participações, controlada por acionistas do Bradesco, tenha sido direcionada para a compra dos títulos.

Segundo Angelotti, as debêntures emitidas pela NCF, conforme antecipou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado) no início de janeiro, é uma operação normal e os recursos serão investidos na sua própria atividade. Admitiu, contudo, que a operação pode ter vinculação com o banco, uma vez que sua principal atividade é investir recursos na instituição. Acrescentou também que não teve impacto na Basileia do banco.

A emissão de debêntures da NCF foi coordenada pelo Banco do Brasil e também teria sido, conforme já antecipou o Broadcast, encarteirada pela própria instituição. Os papéis foram precificados a 108% do CDI.

Renegociações

O aumento das renegociações de crédito no Bradesco é natural, visto que o ano de 2015 foi atípico em meio ao aumento da inadimplência por conta da piora do cenário econômico, segundo Luiz Carlos Angelotti. “Mantemos níveis de provisionamento próximos dos 65% (para a carteira renegociada). É normal ter uma pequena elevação. Não vemos nada fora do que era esperado para o período”, explicou ele, em teleconferência com a imprensa realizada há pouco.

Afirmou ainda que o tamanho dos créditos renegociados não é “exagerado” para os números do Bradesco e que corresponde a 3% da carteira total, patamar que tem se mantido “razoavelmente estável”. A carteira de crédito expandida do Bradesco, que considera avais e fianças, fechou dezembro em R$ 474,027 bilhões.

Ao final de dezembro, a carteira renegociada totalizou R$ 13,1 bilhões, aumento de 25,3% em relação ao montante visto um ano antes, de R$ 10,5 bilhões.

“A carteira de renegociação está lastreada em cima da confiança do banco com clientes que merecem a confiança da organização. Sabemos que ciclos de crédito são sucedidos por tempos duros e maduros. Para quem mereça confiança, reperfilamos e reestruturamos sua dívida. Temos de acreditar no próprio cliente”, acrescentou Luiz Carlos Trabuco Cappi.

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