Economia

Bradesco: alta da Selic sinaliza volta da confiança

Embora o mercado não esperasse um aumento da Selic agora, a atitude do Banco Central dá um sinal de confiança ao sistema, de acordo com Moacir Nachbar Junior, diretor adjunto do Bradesco. “De fato, o mercado não esperava. Foi uma medida bem pensada pelo BC que tem o desafio do equilíbrio do crescimento com a inflação. O principal componente não é o crescimento dos juros, mas a ação do BC traz sinal de confiança ao mercado”, avaliou ele, em teleconferência com a imprensa, nesta quinta-feira, 30.

Segundo o executivo, o aumento dos juros sinaliza que as medidas necessárias vão acontecer. Esperam-se, agora, conforme ele, anúncios e estímulos por parte do governo passadas eleições. “A volta da confiança é que terá impacto importante, não a área de captação e crédito”, avaliou Nachbar Junior.

O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou ontem aumento de 0,25 ponto porcentual na Selic. Com isso, os juros passaram de 11,0% para 11,25%.

Inadimplência

De acordo com Nachbar Junior, o Bradesco não identifica nenhum sinal sistêmico de piora relevante da inadimplência nos próximos trimestres a despeito dos dois aumentos seguidos visto no indicador que considera os atrasos acima de 90 dias. “Mesmo com possível aumento de desemprego, fizemos simulações, um aumento de 2 pontos porcentuais, por exemplo, não teríamos uma piora relevante da inadimplência”, disse ele.

A inadimplência do Bradesco, considerando os atrasos acima de 90 dias, apresentou alta pelo segundo trimestre consecutivo, passando de 3,5% em junho para 3,6% em setembro. Em um ano, porém, os calotes ficaram estáveis.

Sobre as despesas com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, Nachbar Junior disse que o crescimento no trimestre foi “marginal” e “não é importante”. Esses gastos totalizaram R$ 3,348 bilhões de julho a setembro, alta de 6,6% ante os três meses imediatamente anteriores, de R$ 3,141 bilhões. Na comparação com o mesmo intervalo de 2013, de R$ 2,881 bilhões, foi identificada expansão de 16,2%.

De acordo com o executivo, o Bradesco não vai aumentar risco para ganhar market share em algum produto. Ele também disse, ao longo da teleconferência, que o banco espera manter a inadimplência em 3,6%, mas há possibilidade de oscilações, de 0,1 ponto porcentual para cima ou para baixo e que o cenário é de estabilidade do indicador.

Cenário

O diretor do Bradesco afirmou ainda que o cenário econômico brasileiro é desafiador e que o crédito segue crescendo com taxas moderadas. Entretanto, ele garantiu que o banco está confiante em que vai alcançar suas metas para este ano considerando a revisão para baixo anunciada nesta quinta.

O Bradesco espera chegar ao final de 2014 com crescimento no centro da sua nova faixa de expectativa para o crédito, de alta de 7% a 11%. “Quando publicamos o guidance para este ano prevíamos crescimento de 10% a 14% e alta de 2,1% para o PIB. Hoje, nossa expectativa para o PIB é de 0,50%. Achamos que era o momento de fazer a revisão do guidance para um crescimento esperado de 7,0% a 11%”, explicou.

Dentre as carteiras que devem continuar sendo destaques de crescimento, o executivo citou as de menor risco como consignado (com desconto em folha), imobiliário e cartão de crédito. Esses segmentos, segundo Nachbar Junior, devem manter o ritmo de expansão visto atualmente. Grandes empresas, de acordo com ele, também devem apresentar bom crescimento.

Já a taxa anualizada da margem financeira de juros do Bradesco, segundo ele, deve encerrar o ano de 2014 entre 7,4% e 7,5%. No terceiro trimestre, o indicador foi a 7,5%, 0,2 ponto porcentual abaixo ante a taxa do segundo trimestre, de 7,7%. Em um ano, porém, a taxa subiu 0,5 ponto porcentual.

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