Economia

Bradesco deve perder R$ 356 mi com investimento no BES

O resgate do Banco Espírito Santo (BES), revelado no fim de semana, já respingou em um de seus acionistas e chegou ao Brasil. Dono de uma participação de 3,9% no banco português, o Bradesco anunciou, na terça-feira, 04, que estima perdas de R$ 356 milhões no lucro do terceiro trimestre.

Ontem, num encontro com analistas de mercado, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou que o provisionamento cobre 100% da exposição do banco no BES. “A boa norma, a transparência, exigia a baixa integral.” O banco brasileiro fará um ajuste contábil não recorrente do investimento por meio desta operação. Trabuco reforçou que esse não é um número “relevante para o balanço” da instituição, que no último trimestre lucrou R$ 3,8 bilhões.

Segundo ele, o Bradesco acompanhou o que vinha ocorrendo com o BES nos últimos meses e agora fez a baixa do ativo. “Isso esgota o que nós temos.” O banco brasileiro é sócio da instituição financeira portuguesa desde novembro de 2000. As duas empresas decidiram estreitar seu relacionamento depois de o Bradesco ter comprado do BES, por meio de uma permuta de ações, o controle do banco Boavista Interatlântico.

O Bradesco ainda mantém uma participação de 20% no Banco Espírito Santo de Investimento (BESI) no País. Trabuco diz que não há interesse de aumentar a fatia nessa unidade e confirmou que ela ficará dentro do guarda-chuva do BES “bom”.

A intervenção anunciada na noite de domingo,03, pelo banco central português prevê que a maior instituição financeira privada do país será dividida em duas: os ativos bons ficarão no Novo Banco (também chamado de Novo BES) e as operações problemáticas estarão no velho BES, o “banco ruim”.

Os novos gestores tomaram crédito de 4,9 bilhões de euros para injetar capital no BES e manter as portas abertas. Os prejuízos serão assumidos pelos credores do Banco Espírito Santo e por seus acionistas, como o francês Credit Agricole (com 14,6% do BES), o Bradesco (com 3,9%) e a operadora Portugal Telecom que detém 2,1% do capital do banco português e há alguns dias levou calote de cerca de 900 milhões de uma das empresas do Grupo Espírito Santo.

No Brasil, o BES tem mais de R$ 8 bilhões em ativos, conforme demonstrações financeiras de 2013. O patrimônio líquido do banco era de R$ 665,7 milhões ao fim de dezembro. No ano passado, o BES Investimento do Brasil registrou lucro líquido de R$ 41 milhões – alta de 32% ante 2012.

O índice de Basileia do banco estava em 14,2%, acima do mínimo exigido pelo Banco Central brasileiro, de 11%. O indicador mede o quanto o banco pode emprestar sem comprometer o seu capital. Em nota, o banco reforçou que suas subsidiárias no Brasil fazem parte do Novo Banco e que sua estrutura organizacional não será alterada.

Mais forte

Ontem, Vítor Bento, presidente do Banco Espírito Santo nomeado para continuar à frente do chamado Novo Banco, disse que o resgate torna a instituição “mais forte e segura que antes”. “As incertezas que ameaçavam a instituição nos últimos tempos foram afastadas”, afirmou o executivo em carta publicana no site do BES.

O ex-presidente do banco também se manifestou. Em nota, Ricardo Espírito Santo Salgado disse que aguarda a análise das contas da instituição para dar sua versão sobre a crise.

A intervenção deu fôlego à Bolsa de Lisboa, que encerrou com alta de 0,98%. As ações do BES, que caíram mais de 40% na sexta-feira e tiveram suas operações suspensas, não foram negociadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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