Economia

Bradesco propõe capitalização de R$ 8 bi

Após cancelar na tarde de quarta-feira, 3, o aumento de capital de R$ 3 bilhões já aprovado em assembleia no ano passado, o Bradesco informou, por meio de fato relevante, que seu Conselho de Administração propôs um aumento de capital social de R$ 8 bilhões com reservas de lucros e bonificação de ações.

A medida, que terá de passar pelo crivo dos acionistas em assembleia em 10 de março, terá emissão de 504.872.885 novas ações, sendo 252.436.456 ordinárias e 252.436.429 preferenciais. Esses papéis serão doados aos acionistas na proporção de 1 nova ação para cada 10 ações da mesma espécie.

Com mais ações em circulação, a instituição acredita que “pode gerar incremento nos negócios e possibilitar ajuste na cotação, tornando o seu preço unitário mais atrativo e acessível a um maior número de investidores”, afirmou no documento.

Na prática, a diferença entre as duas operações é que na capitalização cancelada seriam injetados novos recursos no banco, o que provocaria a diluição dos acionistas. Já no aumento do capital social de R$ 8 bilhões, os recursos migram da reserva do lucro para o capital social. Dessa forma, não há impacto no patrimônio líquido e, consequentemente, a operação não tem reflexos no índice de Basileia do banco. A aquisição do HSBC feita pelo Bradesco no ano passado levantou entre os analistas preocupações quanto a esse índice, que mede quanto a instituição pode emprestar sem comprometer o seu capital.

Diluição

Mais cedo, atribuindo a decisão à volatilidade do mercado, o banco havia cancelado o aumento de capital de R$ 3 bilhões por meio de subscrição particular de ações. Segundo fontes de mercado, no entanto, a decisão foi mesmo motivada pelo risco de diluição dos acionistas no preço atual das ações.

Apesar de as ações preferenciais do Bradesco terem subido 4,87% ontem após o anúncio, os papéis acumulam queda de mais de 30% em 2016, afetados pelo ambiente macroeconômico e pelos resultados do setor bancário, que corre o risco de ver seu lucro encolher pela primeira vez em décadas. Considerando a cotação do dia do anúncio do aumento de capital, em novembro, os acionistas iriam subscrever as ações a preços mais baixos: as ordinárias com valor 16% inferior e as preferenciais, com 17%, não diluindo, assim, o restante da base.

Com a desvalorização dos papéis, porém, os demais acionistas seriam afetados. O preço indicado na operação era de R$ 19,20 por ordinária e R$ 17,21 por preferencial ante R$ 22,87 e R$ 20,79 no dia do anúncio, respectivamente. Ontem, os papéis fecharam em R$ 19 e R$ 17,85, respectivamente. “A decisão decorreu da volatilidade dos mercados acionários nacional e internacional, com impactos no preço de cotação das ações na Bolsa de Valores”, diz o Bradesco em comunicado.
Analistas do Credit Suisse criticaram o fato de o banco ter mudado as regras no meio do jogo. “Diluição no preço atual não faria muito sentido, enquanto várias empresas fazem recompra de ações. É um sinal ruim a mais de falta de previsibilidade”, acrescentou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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