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Braga Netto liderou consulta no setor ruralista em sondagem para vice Bolsonaro

A provável escolha do ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto para compor como vice a chapa de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição foi precedida de sondagens que mostraram a predileção pelo general na base do presidente. E não só na caserna. O general Braga Netto, que também se filiou ao PL, liderou uma consulta entre integrantes do agronegócio que dão apoio ao governo, e desbancou nomes como o da ex-ministra da Agricultura e deputada federal Tereza Cristina (PP-MS).

O levantamento informal chegou ao Palácio do Planalto e foi discutido em conversas reservadas no gabinete presidencial. Bolsonaro estimulou a sondagem, bancada por atores do agronegócio, segundo integrantes do governo. A ideia de testar os nomes surgiu depois que Tereza Cristina passou a ser ventilada como opção, com a simpatia da ala política, para compor a chapa com Bolsonaro. O levantamento acabou servindo para endossar uma vontade que já é do próprio presidente, de ter Braga Netto como vice na sua chapa.

A "prévia" entre Braga Netto e Tereza Cristina revelou a preferência pelo general de quatro estrelas do Exército até mesmo entre setores do campo que estão com Bolsonaro. O ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, hoje assessor especial do presidente, despontou com preferência amplamente majoritária, sem ser "ameaçado". Tereza Cristina, bem avaliada pelo agronegócio exportador, seria a segunda opção, mas muito distante do oficial da reserva.

O nome de Braga Netto é dado como certo por atores do agro mais ligados aos produtores rurais, como o pecuarista e revendedor de tratores Osmair Guareschi, do Progressistas, ativo na organização do apoio ao presidente na região de São José do Rio Preto (SP). Ele apostava na filiação do ministro a seu partido, mas o ministro sofreu resistências e optou pelo PL.

O nome de Guareschi surgiu como opção para candidato a vice-governador de São Paulo em composição liderada pelo ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos). "Como o Braga Netto está sendo vice do Bolsonaro, e poderia ser do PP, eles colocaram meu nome à disposição", disse ao <b>Estadão</b>.

O produtor rural Maurício Tonhá, da Estância Bahia Leilões, que se dispôs a arrecadar doações no setor para a campanha de Bolsonaro, afirmou que a escolha de qualquer dos nomes, Braga Netto ou Tereza, não influencia no apoio majoritário ao presidente. "Estaremos com o presidente. Os dois são excelentes nomes", disse.

<b>Sinais</b>

Bolsonaro já emitiu sinais claros, em público, do desejo de levar Braga Netto para o cargo de vice. Na semana passada, ele afirmou que já tem 90% de certeza da escolha. O presidente quer atrelar mais uma vez a imagem de um representante da elite das Forças Armadas à própria tentativa de reeleição. "90% de chance de ser o Braga Netto", disse Bolsonaro, em entrevista ao grupo <i>O Liberal</i>. "Meu vice, atualmente, é um general de Exército. Isso dá credibilidade à chapa, respeitabilidade."

Durante a cerimônia alusiva ao Dia do Exército, nessa terça-feira, 19, Bolsonaro voltou a indicar a escolha do general. "(Tenho) orgulho grande pela missão de estar à frente do Executivo federal e poder juntamente com meus 23 ministros, com meus comandantes de Força, bem como com meu eterno amigo, general Braga Netto, colaborar com as políticas para bem servir ao Brasil", disse o presidente, no Quartel-General do Exército.

Prestes a ser preterida, a ex-ministra Tereza Cristina manifestou diversas vezes o desejo de disputar uma vaga de senadora por Mato Grosso do Sul. Hoje, a cadeira em jogo é ocupada por Simone Tebet (MDB), que tenta se viabilizar como candidata ao Palácio do Planalto.

Também foram testados outros quatro nomes, mas sem desempenho significativo: Ciro Nogueira (Casa Civil), Gilson Machado (ex-titular do Turismo), Damares Alves (ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que cultivou trânsito com Bolsonaro e demonstrou disposição política no cargo, viu seu capital interno cair após a sondagem informal no agro, na qual não se destacou.

Como mostrou o <b>Estadão</b>, o general Braga Netto se filiou ao PL em um ato secreto no dia 28 de março. Desde então, está legalmente habilitado para assumir a candidatura a vice de Bolsonaro. Se confirmado o nome, o presidente vai concorrer à reeleição com uma "chapa pura".

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