Estadão

Brasil foi o país com maior revisão de crescimento pelo FMI em abril e outubro, diz Campos Neto

O Brasil foi o país com a maior revisão para cima nas expectativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o crescimento em 2023, tanto no ranking de outubro quanto no de abril, destacou nesta quinta-feira, 19, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O Fundo elevou este mês a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano de 2,1% para 3,1%.

Campos Neto frisou que a atividade econômica doméstica tem mostrado uma resiliência muito grande e que há entre os economistas um questionamento se não houve uma melhora estrutural no crescimento brasileiro, devido às reformas realizadas nos últimos anos, desde o governo do ex-presidente da República Michel Temer.

"Acho que sim, conseguimos ver algumas evidências anedóticas", emendou. O banqueiro central também destacou a surpresa grande vista no mercado de trabalho local. "As pessoas achavam que o desemprego não ia acabar abaixo de 9,5% ou 9,0%, e estamos indo para 7,7%", disse Campos Neto, que acrescentou que o nível de desemprego é similar ao visto em momentos de 2013 e 2014, mas a inflação está menor.

O presidente do BC atentou que é necessário avaliar essa questão de forma estrutural, para entender o que está acontecendo com a mão de obra no Brasil. Ele ponderou, no entanto, que a surpresa com a mão de obra aquecida não é exclusividade do País, e afirmou que o fenômeno também é visto em outros lugares, a exemplo de Estados Unidos, Canadá e Austrália.

Ainda sobre mercado de trabalho doméstico, Campos Neto afirmou que outro tema importante e que precisará de um enfoque maior, diante do envelhecimento da população, é a produtividade. O banqueiro central pontuou que, com exceção do agronegócio, há uma produtividade muito baixa no País, que pode se tornar um problema de longo prazo.

Ele ressaltou, no entanto, que foi verificada uma melhora nos primeiros trimestres de 2023. Campos Neto afirmou que é preciso analisá-la e avaliar se ela também pode estar ligada ao impacto das reformas estruturais feitas nos últimos anos.

O presidente do BC participou do 7º Encontro Regional da Fenabrave-MT, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá.

<b>Taxa de juros real</b>

No mesmo evento, ao falar sobre a taxa de juros real no Brasil, Campos Neto ressaltou que a dívida do País, comparada a de outros países do mundo emergente, é uma das mais elevadas.

O banqueiro central reconheceu que há um grande esforço do governo para equacioná-la com o arcabouço fiscal e que o corte de gastos é difícil, mas frisou que é preciso endereçar esse problema com credibilidade, mesmo que os resultados não sejam de curto prazo. "Se os agentes financeiros não entenderem que existe um plano bom de convergir a dívida para um nível mais razoável na frente, a gente tem um problema de pagar juros altos."

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