Estadão

Brasil é grande candidato na disputa pelos investimentos globais, diz Galípolo

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta sexta-feira que o Brasil é grande candidato na disputa pelos investimentos globais, levando em conta o cenário que se avizinha, de corte de juros tanto nos Estados Unidos quanto em economias emergentes, somado à diminuição da exposição à China nos portfólios de investidores e ativos mais caros na Índia.

"Se tivermos sorte e apresentarmos bom comportamento da política econômica, o Brasil pode se apresentar como caso de eleição para atração de investimentos", comentou o diretor do BC, durante participação em live da Bradesco Asset.

Galípolo observou que, ainda que as decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sejam o principal "farol do mundo" na precificação de ativos financeiros globais, o BC também observa o que está acontecendo em economias emergentes. Nesse ponto, ele destacou que cortes de juros em países que disputam investimentos com o Brasil favorecem a atratividade dos títulos de renda fixa brasileiros.

Após atrair investimentos nos últimos anos, em especial "real money" pela reorganização das cadeias de produção, a Índia, pontuou Galípolo, ficou bastante cara, ao passo que, na China, investidores vêm diminuindo as alocações de capital.

Ao destacar ainda o bom comportamento do real, mesmo diante da volatilidade forte dos Treasuries no segundo semestre do ano passado, Galípolo afirmou durante a live que a volatilidade cambial diminuiu.

Assim, emendou, pela primeira vez em 25 anos e mesmo com o fechamento no diferencial de juros, não foi necessária uma intervenção adicional do BC no câmbio em 2023.

<b>Transição ecológica</b>

A transição ecológica tem ganhado relevância no Brasil e no mundo, na visão do diretor de Política Monetária do Banco Central. Na live realizada pela Bradesco Asset, ele disse que este é um tema a se observar agora junto com outros igualmente importantes para a tomada de decisão sobre juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Entre os itens citados pelo economista estão a política monetária dos Estados Unidos, o comportamento de outros países emergentes, o resultado da balança comercial doméstica e tensões geopolíticas.

"É preciso ver como a gente vai se apresentar como um polo de atração de investimentos num mundo em que a transição ecológica parece ter relevância cada vez maior para as sociedades – o que vejo como um ponto benéfico, positivo", comentou Galípolo.

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