Estadão

Brasil registra o 1º canto de cobra da América Latina

Cientistas brasileiros conseguiram registrar pela primeira vez na América Latina o "canto" de uma serpente. Eles fizeram um vídeo que mostra a vocalização emitida por uma cobra conhecida como papa-lesma ou dormideira (Dipsas catesbyi), nativa do continente. O trabalho, assinado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), foi publicado na semana passada na Acta Amazônia, revista científica do instituto.

O registro foi feito por acaso, durante uma trilha noturna na Amazônia em busca de sapos e serpentes. Os cientistas tentavam registrar em vídeo o hábito da cobra, que não é venenosa, de esconder a cabeça sob o corpo.

<b>GRITO</b>

Os pesquisadores estavam filmando um exemplar do sexo masculino quando foram surpreendidos pela emissão do que chamaram de "grito". O vídeo foi divulgado nas páginas do Projeto Suaçuboia (https://bit.ly/3Q4nW4g), criado por pesquisadores envolvidos no estudo, e do Inpa (https://bit.ly/3rYAfqW).

"O canto teve duração de 0,06 segundo, atingindo 3036 Hz em sua frequência de pico com nota modulada, emitida por meio da exalação de ar pela laringe", escreveram os pesquisadores no artigo científico. "Nossa hipótese é que emissões vocais estruturadas como esta são uma reação a uma tentativa de predação e podem ser uma característica compartilhada por outras espécies de Dipsadidae e outras serpentes."

LAGARTOS. Os especialistas acreditam que a vocalização seja um resquício evolutivo dos lagartos – grupo mais próximo ao da serpente e que possui um repertório vocal bem conhecido e variado.

Embora esta tenha sido a primeira vez que cientistas registram um som emitido por uma cobra na América Latina, já existem registros de vocalizações de outras espécies de serpentes em diferentes partes do mundo, como América do Norte e Ásia.

<b>REVOLUÇÃO NA HERPETOLOGIA</b>

Segundo comunicado do Inpa, "a descoberta tem potencial para revolucionar a herpetologia na região, ao mesmo tempo em que destaca a importância da conservação dessas espécies."

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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