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Brasil sofre muito, mas bate Alemanha nos pênaltis e fatura inédito ouro olímpico

O Brasil é ouro! Conquistou finalmente neste sábado o único título que faltava ao seu futebol, o de campeão olímpico, numa final dramática contra a Alemanha, vencida apenas na última cobrança de pênalti. Coube a Neymar, o craque do time, capitão e que havia feito da medalha de ouro quase uma questão de honra. A vitória por 5 a 4 nas penalidades após empate por 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação coroa uma equipe jovem, que pode representar um futuro vencedor para o futebol brasileiro.

O título é também uma recompensa a um técnico até então desconhecido, Rogério Micale, que se propôs a respeitar as características e a essência do futebol brasileiro. O jogo bem jogado, ousado, ofensivo.

Após decepções seguidas como a derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014, e participações desastrosas em Copas Américas, o Brasil volta a conquistar um título de peso. “O campeão voltou”, celebrou a torcida que lotou o Maracanã.

As três bolas que a Alemanha acertou no travessão no primeiro tempo servem para dar a dimensão do quanto o jogo foi difícil para a seleção brasileira. O time de Horst Hrubesch confirmou o que se esperava: é muito bem armado, entrosado, frio e perigoso ao atacar e ainda mais ao contra-atacar.

O Brasil até se expunha, mas tinha o mérito de não deixar a Alemanha respirar. Sempre que os adversários tentavam sair da defesa, aparecia um brasileiro pressionando, marcando forte. Muitas bolas foram roubadas ou retomadas assim.

Renato Augusto fazia grande partida, tanto na destruição de jogadas como ao começar a construí-las. Talvez tenha exagerado nas vezes em que procurou Neymar, sempre bem marcado, o que fez com que algumas jogadas acabassem não saindo.

Neymar se mexia bastante, fez algumas jogadas individuais, tentou tabelas. E recebeu faltas. Numa delas, o Brasil saiu na frente. O atacante cobrou com perfeição, no ângulo, sem defesa para Horn. O Maracanã explodia.

Na comemoração, Neymar comemorou imitando o raio característico Usain Bolt, que estava no Maracanã – foi para ver o jogo e conhecer o camisa 10 depois da partida. O jamaicano, que assistia o jogo ao lado do pai do craque, aplaudiu, entusiasmado, e o atacante decretou: “Eu mando aqui!”, falou, apontando para o gramado do Maracanã.

O Brasil estava bem em campo, apesar de algumas atuações apagadas como a de Gabriel Barbosa, mas a Alemanha não podia ser desprezada. Mesmo porque fazia uma jogada que o técnico Rogério Micale havia previsto: seus atacantes afunilavam, abrindo espaço para as subidas dos laterais.

Ao lado do campo, sempre de pé, Micale dava instruções e tentava corrigir o posicionamento. Mas a seleção tinha dificuldade para controlar esse tipo de jogadas e dava espaços. Mas, ao fim da etapa, apesar dos três sustos, e da grande defesa feita por Weverton aos 30 minutos em chute de dentro da área de Meyer, o Brasil continuava sem tomar gol na Olimpíada.

A invencibilidade acabaria aos 13 minutos da etapa final, após jogada alemã pela direita do ataque, com bastante espaço, e um cruzamento rasteiro para a área onde Meyer, livre de marcação, bateu firme para empatar. A jogada que terminaria em gol aconteceu depois de mais um erro na saída de bola do time brasileiro.

Naquela altura, a seleção fazia um segundo tempo irregular. Atacava, criava algumas situações. A concentração, porém, já não parecia a mesma e o time errava muitos passes. Também demonstrava alguma impaciência, algo que não ocorrera na etapa inicial.

A seleção estava perdendo o setor de meio de campo, e era preciso equilibrar o setor. Micale, então, tirou o neste sábado inoperante Gabriel Barbosa e colocou o meia Felipe Anderson em campo.

A torcida estava aflita, mas fazia sua parte, vaiando os alemães quando estes tinham a bola e tentanto empurrar os brasileiros. E lamentando as chances perdidas, como a de Felipe Anderson na cara do goleiro após belo lançamento de Neymar – ele furou.

O Brasil retomara o domínio do jogo, atacava bastante, criava chances, mas nada de gol. A rigor, nem dava muito trabalho ao goleiro Horn. O maior volume de jogo não significa efetividade e ainda havia o risco das ocasionais investidas dos alemães. Assim, 90 minutos e os acréscimos não foram suficientes para definir a medalha de ouro.

Com o time cansado na prorrogação, Micale decidiu povoar meio de campo. Colocou Rafinha no lugar de Gabriel Jesus, que havia caído muito de produção e abriu mão de seu esquema com três atacantes – que já não funcionava. O Brasil passou a jogar no 4-4-2, com Luan e Neymar à frente.

A prorrogação foi truncada. No início do segundo tempo, Neymar voltou a colocar Felipe Anderson na cara do gol. Desta vez o meia chutou em cima do goleiro.
A seleção brasileira, por sua vez, mostrava estar extenuada, já parecia sem forças, apesar de lutar.

O alemães tocavam a bola aparentemente sem se importar com o ensurdecedora vaia que levavam de todo o Maracanã. Se não conseguissem passar pela defesa brasileira para concluir a gol, pelo menos fariam o tempo passar, apostando nos pênaltis. Conseguiram.

Mas tiveram de se conformar com a prata. Após quatro cobranças perfeitas de cada seleção, Weverton pegou a bola de Petersen. Na sequência, Neymar garantiu o ouro, colocou o Brasil na história da Olimpíada e entrou para a história do futebol brasileiro.

FICHA TÉCNICA

BRASIL 1 (5) X (4) 1 ALEMANHA

BRASIL – Weverton; Zeca, Marquinhos, Rodrigo Caio e Douglas Santos; Walace, Renato Augusto e Luan. Gabriel Barbosa (Felipe Anderson), Neymar e Gabriel Jesus (Rafinha). Técnico: Rogério Micale.

ALEMANHA – Horn; Klostermann, Suele, Ginter e Toljan; Sven Bender, Lars Bender (Proemel) e Meyer; Brandt, Selke (Petersen) e Gnabry. Técnico: Horst Hrubesch.

GOLS – Neymar, aos 26 minutos do primeiro tempo; Meyer, aos 13 do segundo. Pênaltis: Renato Augusto, Marquinhos, Rafinha, Luan e Neymar marcaram para o Brasil; Ginter, Gnabry, Brandt, Suele para a Alemanha. Petersen perdeu.

ÁRBITRO – Alireza Faghani (IRÃ).

CARTÕES AMARELOS – Zeca, Gabriel Barbosa, Selke, Sven Bender, Suele, Proemel.

PÚBLICO E RENDA – Não divulgados.

LOCAL – Maracanã, no Rio.

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