O Brasil ainda tem 44,3% das crianças e adolescentes até 14 anos de idade crescendo em residências sem esgotamento sanitário ou fossa séptica. Ou seja, quase metade das crianças brasileiras nessa faixa etária vive em condição de maior exposição ao risco de doenças, segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2015 divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira, 4.
O abastecimento de água de rede não chega a 18% das crianças de 0 a 14 anos, enquanto a coleta de lixo ainda não atende a 13,6% delas. O total de crianças e adolescentes dessa idade que vivem sob as três formas de saneamento inadequado simultaneamente – sem esgoto, sem água nem coleta de lixo – é de 9,6%, segundo os dados apurados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2014.
De acordo com o IBGE, quando as três formas de saneamento (água, esgoto e lixo) são inadequadas no domicílio, há maior exposição dos moradores ao risco de doenças, especialmente as crianças. “Ainda há uma quantidade bastante alta de crianças exportas a essas condições inadequadas no domicílio”, disse Cintia Simões Agostinho, pesquisadora da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE.
Em relação ao ano anterior, houve ligeiro avanço nas condições de saneamento no total do País. Mas alguns Estados registraram piora. No Maranhão, a proporção de crianças dessa idade em domicílios sem esgoto sanitário passou de 91,2% em 2013 para 92,3% em 2014.
Outros Estados com alta incidência de crianças vivendo sob essas condições foram Piauí (93,8%), Pará (91,3%) e Amapá (89,6%). São Paulo registrou a menor ocorrência de crianças nessas condições, mas houve aumento significativo no período de um ano: a fatia de 7,6% de crianças de 0 a 14 anos sem esgoto em 2013 subiu para 10,0% em 2014.
Segundo a pesquisa, o Brasil tinha ainda 1,8 milhão de domicílios particulares sem banheiro ou sanitário de uso exclusivo em 2014: 634 mil em áreas urbanas e 1,2 milhão em áreas rurais. Os Estados com menor proporção de residências com banheiro de uso exclusivo foram Acre (82,7%), Maranhão (83,6%) e Piauí (85,8%).