O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que o Brasil tem amortecedores para aguentar eventuais solavancos da economia mundial. “O risco que acho mais direto é a subida de juros nos países avançados”, disse ele a jornalistas entre uma reunião e outra no encontro ministerial do G-20 na capital da Argentina nesta segunda-feira, 19. O temor é que essa normalização da política monetária não aconteça tão suave como se imagina e afete os fluxos internacionais de capital para os emergentes.
Ilan citou as elevadas reservas internacionais do Brasil, que somam 20% do Produto Interno Bruto e o volume de investimento externo direto, que chega a 3,5%. Além disso, a economia brasileira teve ajuste nas contas externas e o déficit no balanço de transações correntes é de apenas 0,5% do PIB, disse ele a jornalistas.
“Normalização suave da política monetária nos países desenvolvidos é sempre bem-vinda”, disse o presidente do BC, ressaltando que é preciso ter cuidado para que esse processo não provoque sobressaltos que afetem os fluxos de capital. Para isso, os emergentes precisam construir seus amortecedores de proteção, coisa que o Brasil já fez.
A situação da economia global é benigna e o crescimento está em todos os cantos do mundo, disse Ilan, ressaltando que o Brasil também voltou a crescer, mas há riscos para o cenário internacional. “Não houve ainda sobressaltos para mudar esse cenário benigno no mundo.”
Por conta da proximidade da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa na terça e termina na quarta-feira, Ilan preferiu não comentar temas ligados à economia brasileira e à política monetária.
Riscos
Sobre a reunião do G-20, que começou nesta segunda-feira, Ilan disse que a postura do Brasil será colaborativa e o encontro, como é de praxe, deve ter discussões sobre os riscos futuros da economia. O aumento do protecionismo na economia mundial e o temor de uma guerra comercial devem ser um desses tópicos, disse Ilan. “Comércio não é algo que está na pauta explicitamente, talvez seja discutido como um risco global.”
Outro tema é se o crescimento da economia mundial vai continuar no ritmo atual e também a normalização da política monetária nos países desenvolvidos. Os países do G-20 não podem ser complacentes e precisam monitorar este processo, disse o presidente do BC. No caso do comércio, o papel do G-20 é garantir que o papel do comércio mundial continue saudável e siga contribuindo para o crescimento global.
Ilan destacou que as “criptomoedas” serão outro tema do encontro do G-20, que prefere em sua agenda usar o termo “criptoativos”. O presidente do BC destacou que o Brasil não vai regular por enquanto esses ativos, mas vai monitorar o mercado e o que outros países estão fazendo.
Os países do G-20 não podem ser complacentes com a lavagem de dinheiro e evasão fiscal, ressaltou ele, destacando que as moedas virtuais poder ser usadas com esse fim, por isso, precisam ser monitoradas.