O Brasil deu vexame no segundo dia de competições de atletismo no Estádio Universitário de York. Nas sete provas realizadas, ganhou apenas uma medalha, de bronze, com Flávia Maria de Lima, nos 800m. Nas demais disputas, exceção aos 100m rasos para mulheres e no arremesso do martelo masculino, ficou longe do pódio.
Até o Uruguai, que na história dos Jogos Pan-Americanos ganhou menos medalhas do que o Brasil somou nos últimos sete dias, foi melhor. Ganhou duas medalhas de bronze nesta quarta-feira: no salto em distância masculino e nos 400m com barreiras feminino. O Equador levou uma prata, nos 100m feminino.
O resultado brasileiro poderia ter sido um pouco melhor se não fosse o critério de desempate do lançamento do martelo. Wagner Domingos (o Montanha) empatou em terceiro com o norte-americano Conor McCullough, com 73,74m. Mas o segundo melhor arremesso do americano foi melhor do que o do brasileiro, que queimou quatro das suas seis tentativas.
A prova ainda teve Allan Wolski no quinto lugar, com 72,72m. Assim como Montanha, ficou um pouco abaixo da sua melhor marca na temporada. Nada que o colocasse no pódio com McCullough, o cubano Roberto Janet (prata) e o também americano Kibwe Johnson (ouro). Os três que foram ao pódio são também os três melhores das Américas no ranking mundial.
VELOCIDADE – O Canadá ganhou a prova mais nobre do atletismo: os 100m rasos masculino. Nova estrela do atletismo, Andre de Grasse não quebrou a barreira dos 10s, mas venceu, com 10s05. Foi seguido de Ramon Gittens (10s07), de Barbados, e Antoine Adams (10s09), de São Cristóvão & Neves. O Brasil não participou da final porque seus representantes fizeram feio nas eliminatórias: Codó queimou a largada e Vitor Hugo tropeçou nas próprias pernas.
Na prova feminina de 100m, havia expectativa de medalha e recorde sul-americano para Rosângela Santos e Ana Cláudia Lemos. A carioca até correu bem, igualando a melhor marca da carreira (11s04), mas completou em quarto. Já Ana Cláudia não repetiu os resultados recentes e foi sétima, com 11s15.
A vitória ficou com a jamaicana Sherone Simpson. Dona de três medalhas olímpicas, incluindo a prata nos 100m em Pequim-2008, a velocista foi pega no doping em meados de 2013, e ficou um ano afastada. Desde então, Simpson não havia conseguido correr abaixo dos 11s. Na final em Toronto, nesta quarta-feira, cresceu nos últimos trinta metros para tirar a vitória da norte-americana Barbara Pierre. Venceu com 10s95 e comemorou como se o ouro fosse olímpico.
Já Pierre, que correu a semifinal em 10s92, não entendeu como perdeu a vitória. Na última passada, foi deixada para trás não só pela jamaicana, mas também pela revelação equatoriana Angela Tenorio. A menina de 19 anos, dona de quatro medalhas em Mundiais de base, bateu o recorde sul-americano, com 10s99.
DECEPÇÃO – Nas provas de campo, a principal esperança era com Geisa Arcanjo. Finalista olímpica em Londres no arremesso de peso, ela chegou a largar o esporte em 2013, mas voltou bem este ano, conquistando o título sul-americano. Mas, em Toronto, foi eliminada após três arremessos, porque não estava entre as oito primeiras colocadas naquele momento. Viu Cleópatra Borel (Trinidad & Tobago), Jillian Camarena-William (EUA) e Natália Duco (Chile) irem ao pódio.
No salto em distância, Higor Alves marcou só um dos três primeiros saltos, alcançando 7,60m. Como só os oito melhores seguiam na prova e ele era o décimo colocado, acabou eliminado. Aos 21 anos, ele prometia mais, uma vez que fechou a temporada 2013 como melhor juvenil do mundo.
O norte-americano Jeffrey Henderson, que já liderava o ranking mundial, fez a melhor marca do ano: 8,52m. Mas venceu com um salto de 8,54m, que não foi homologado como recorde porque ele foi favorecido por vento acima do permitido. Jogador da NFL, Marquise Goodwin ganhou a prata e completou a dobradinha dos EUA.
Na única final da manhã, as brasileiras fracassaram no salto em altura. Ana Paula de Oliveira parou em 1,80m. Ela tem 1,86m como melhor marca e saiu frustradíssima da prova, jogando o sarrafo longe no último erro. A outra brasileira desta disputa, Mônica de Freitas, de 31 anos, parou em 1,75m e terminou na 14.ª e penúltima colocação. A veterana tem 1,87m como melhor marca.
O ouro foi para Levern Spencer, de Santa Lucia, que passou 1,94m e assumiu o décimo lugar do ranking mundial. O único pódio da manhã, aliás, foi todo caribenho: Priscilla Frederick, de Antigua e Barbuda, ficou com a prata, enquanto Akela Jones, de Barbados, terminou em terceiro.
Na final dos 400m com barreiras para mulheres não havia brasileiras na final, uma vez que Jailma de Lima ficou nas eliminatórias. A prova teve vitória de Shamier Little, dos EUA, com a canadense Sarah Wells levando a prata e Deborah Rodríguez garantindo o bronze para o Uruguai.