Os pais brasileiros são os que menos poupam para a educação dos filhos. Um levantamento global do banco HSBC realizado em 15 países apontou que apenas 42% dos entrevistados do Brasil economizam dinheiro para os estudos dos filhos. O resultado brasileiro ficou bem abaixo da média global, que é de 64%. Em países asiáticos, onde a cultura da poupança é maior, a economia para a educação dos filhos chega a 85% na Malásia, 81% na China, 81% em Hong Kong e 80% em Cingapura.
O grande fator que explica a baixa poupança dos brasileiros para a educação é a falta da cultura do planejamento de investimentos para o longo prazo. Por muito tempo, a economia brasileira viveu a cultura do juro real (descontado a inflação) elevado, o que mantinha o investidor na zona de conforto e não estimulava a diversificação nos investimentos. A taxa de juros brasileira ainda é alta comparada ao resto do mundo, mas está num patamar mais baixo para o histórico da economia brasileira.
“O custo de oportunidade (com a alta de taxa de juros) atrapalhava a diversificação”, afirma Augusto Miranda, diretor de Gestão de Patrimônio do HSBC. “Um segundo ponto que também pesava era a falta de conhecimento dos produtos. Existiam alguns mitos no cenário de investimento brasileiro. Um dos exemplos é que não se deve aplicar em produtos sem liquidez. A gente ainda tem essa ideia no País, mas cada vez menos”, afirma Miranda. Sem uma poupança expressiva, a maioria dos pais (71%) afirma ter a renda atual como principal fonte para pagar os estudos.
O fato de o brasileiro poupar pouco para a educação dos filhos não significa que ele não dê importância ao ensino. No Brasil, de acordo com o levantamento do HSBC, 83% acreditam no investimento para todas as áreas da educação (fundamental, médio e graduação/pós-graduação). O País só ficou atrás da Índia (90%), Estados Unidos (89%), China (87%) e Indonésia (86%).
Como consequência da baixa poupança, os pais brasileiros são os que mais lamentam não terem guardado dinheiro para a educação dos filhos. Pelo levantamento, 39% dos entrevistados no País lamentam não terem guardado recursos suficientes. Na sequência, apareceram a Índia (34%) e a China (30%). A média global para esse indicador foi de 22%. “Muitas vezes, no dia a dia, as pessoas vão pagando com a renda. Esperam receber o salário e aí fazem o pagamento, e todo mundo fica com o sentimento de que gostaria de ter planejado melhor”, diz Miranda.
A pesquisa também apurou que apenas 7% dos brasileiros acreditam que os filhos podem ajudar a custear os estudos. O resultado brasileiro ficou abaixo da média global (8%) e foi muito inferior ao apurado em outros países, como Taiwan (28%), Estados Unidos (25%) e Reino Unido (19%). “Como o brasileiro enxerga que o filho pode ajudar menos a custear os estudos, os pais deveriam começar a se planejar mais cedo”, diz o diretor do HSBC. A pesquisa foi realizada com 4.592 pessoas. As entrevistas online foram realizadas em dezembro de 2013 e janeiro de 2014 ,com pais que têm pelo menos um filho com menos de 23 anos de idade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.