O Barômetro Global de Corrupção 2010, pesquisa realizada pela Transparência Internacional, organização independente que fiscaliza a atuação dos governos em todo o mundo mostra que o Brasil tem o 32º maior índice de corrupção em lista onde aparecem 86 nações. A proliferação de casos de desvio de recursos públicos e a frequência de escândalos levaram 64% dos brasileiros a acreditar que a corrupção aumentou nos últimos três anos. Talvez, durante a campanha eleitoral, com ataques de lado a lado, serviram para os eleitores perceberem quem está à frente das administrações públicas.
No levantamento, Senegal, na África, aparece na liderança, já que 88% de sua população aponta que a corrupção piorou, seguido da Romênia (87%) e da Venezuela (86%), de Hugo Chavez, o companheiro de nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Próximo ao Brasil, estão Itália (65%), Lituânia (63%) e África do Sul (62%). Na média geral, seis entre cada dez pessoas avaliam que os desmandos aumentaram em seus países.
A pesquisa também revela que a população brasileira trata o Legislativo e os partidos políticos como instituições à venda, extremamente suscetíveis ao poder do dinheiro para o comércio de vantagens nas relações entre o público e o privado. Interessante essa constatação exatamente no momento em que os vereadores de Guarulhos demonstram achar normal que o próximo presidente da Casa, Eduardo Soltur (PV), por meio de empresa no nome de sua mulher, mantém R$ 12,5 milhões em contratos com a Prefeitura. Ou seja, a percepção da população é real.
Pelos dados apurados, o Brasil se revela um país onde o clientelismo e o abuso do poder, promovidos pela classe política, ainda prosperam. É como se houvessem dois mundos dentro do país. Um dos consumidores e da maioria dos empresários, que já amadureceram e lidam bem com a transparência. O outro é o dos políticos e dos apadrinhados por eles. Os dados da pesquisa mostram que 54% dos entrevistados consideram insuficientes as ações governamentais para lutar contra os ataques aos cofres públicos.
Mais um dado interessante. Apesar da maioria da população perceber a corrupção que a cerca, os brasileiros negam que participem de atos de corrupção. Só 4% admitem que no último ano pagaram “um trocado” para fugir de blitz policial ou antecipar a instalação de serviços de água ou luz, equiparando seu comportamento ao de contribuintes do Canadá, de Israel ou da Irlanda. Algo mais ou menos assim: a corrupção só acontece na casa do vizinho. Os deslizes cometidos fazem parte de uma “cultura” geral.
Em tempo, para aqueles que gostam de tentam roubar ou sumir com jornais que não lhes agradam. Para 37% dos entrevistados, a imprensa tem um papel importante no combate à corrupção. Somente através da imprensa livre, a população tem acesso às verdades.