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Brasileiro roda filme de realidade virtual

Há poucos anos, seria normal entrar em um cinema e se deparar com dezenas de pessoas usando um óculos de papelão, com lentes coloridas, se desviando de precários efeitos 3D vindos diretamente da telona. Esta tecnologia, que já parece pré-histórica, se transformou e se aprimorou ao longo dos anos. Agora, ela está sendo levada para um outro patamar por um brasileiro: Daniel Bydlowski está dirigindo, nos Estados Unidos, o primeiro filme de longa-metragem em realidade virtual 3D.

Chamado de Nano Éden, o filme de Bydlowski se passa em um futuro onde seres humanos têm a possibilidade de transferir suas mentes para um computador depois da morte. O único problema é que, para isso, essas pessoas precisam esquecer qualquer memória emocional do passado e virar, de algum modo, uma máquina sem sentimentos. É nesse ponto da trama que os protagonistas, vividos por Scott Allen Rinker (das séries Bones e CSI: Miami) e Jerome Chavert (de Amor e Turbulência), entram em conflito por procurarem a felicidade sem se submeter ao processo.

A trama, pouco original e que lembra muito filmes como Transcendence, não é o ponto central dessa produção. O que chama a atenção é o modo como ela está sendo filmada e que será exibida nos cinemas em 2017, quando for lançada: em realidade virtual 3D e em 360 graus. Assim, o público poderá entrar dentro de filme de uma maneira não vista anteriormente. “A realidade virtual é uma maneira de criar uma grande imersão dentro do filme com telas que são do tamanho de um celular. Ou seja, pode-se ter tal experiência dentro de seu quarto sem ter que ir ao cinema”, afirma Bydlowski em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Na prática, a experiência será diferente em diversas etapas. A primeira e mais imediata é a de realidade virtual: a pessoa poderá “entrar” no filme por meio de um dispositivo específico para isso, como o Samsung VR e o Oculus. Isso, porém, não é novidade, já que grandes estúdios, como Warner e Universal, apostam nessa tecnologia. O diferencial está no uso do 3D e da visão completa do cenário. Com isso, a pessoa poderá olhar tudo ao seu redor e ainda terá interação visual com os objetos. É uma imersão completa no filme de Bydlowski.

“Filme de realidade virtual é em 360 graus. Você olha para qualquer lugar e o filme estará ao seu redor, só que em 2D. Filme em 3D é o que você vê no cinema com a tela na frente e com objetos que parecem vir para a direção do espectador, mas a tela é a normal do cinema”, explica o cineasta. “O filme de realidade virtual em 3D, então, simula a realidade, porque o filme está em volta de você 360 graus, e objetos parecem vir em sua direção”, explica ainda.

Dificuldade

Com tantas inovações, é claro que não faltam barreiras ao longo do processo de produção. Elas começam com a necessidade de filmar todo o cenário, já que o espectador terá o poder de olhar para qualquer lugar que quiser. Com essa flexibilidade de se mover em 360 graus, é preciso também auxiliar os atores para que eles não se percam nas cenas. “São 17 câmeras filmando ao mesmo tempo. Depois, temos que juntar as imagens de todas elas para que seja formado um panorama contínuo. Dá muito trabalho”, afirma o cineasta.

Além disso, não é fácil encontrar mercado para um filme como esse. Por ser baseado em tecnologias diferentes e ousadas, será preciso achar um distribuidor que aposte nesse tipo de segmento do cinema. De acordo com Bydlowski, no entanto, conversas já estão avançadas com as empresas Netflix e Amazon, que comandam produtos e serviços de streaming de vídeos, séries e filmes.

No fim, Daniel Bydlowski acredita que essa tecnologia será usada amplamente por jovens e outras pessoas adeptas das novas tecnologias. Afinal, é preciso correr: dentro de alguns anos, é capaz que essa tecnologia seja vista como os pré-históricos óculos de papelão com lentes coloridas. E tudo terá que ser adaptado novamente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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