Opinião

Brasileiro, um povo que nasceu para pagar impostos


Muita gente não se dá conta do tanto de impostos e tributos que se paga durante os 365 dias de um ano. Mas quando janeiro chega, a impressão de que o brasileiro vive para pagar impostos fica mais evidente, já que é necessário quitarm entre outros impostos, o IPVA e o IPTU, que incidem diretamente sobre os automóveis e imóveis. O contribuinte, diferente do pagamento que faz sempre que adquire qualquer produto ou serviço de forma implícita, pesa mais porque é necessário sacar do bolso, tirar das despesas ordinárias do mês para ficar em dia perante a adminstração pública. É tempo em que normalmente as pessoas se endividam mais ou invariavelmente consomem menos.


Para ter uma noção da grandeza disso tudo, nada melhor do que números consolidados. A arrecadação de impostos e contribuições federais atingiu R$ 90,882 bilhões em dezembro de 2010. O número representa um recorde para o período e um crescimento real de 16,17% em relação ao mesmo mês em 2009. No acumulado do ano, a sociedade brasileira pagou nada menos do que R$ 805,708 bilhões em tributos federais. Trata-se do maior valor já registrado no país e que equivale a um aumento real (com base no IPCA) de 9,85% sobre o ano anterior.


Para ter uma noção exata do tamanho disso tudo, basta dizer que o total arrecadado só em tributos federais (não se considera aqui os famigerados IPVA, IPTU, ISS, entre outros), se fosse dividido entre todos os cerca de 200 milhões de basileiros, incluindo o mais rico de todos até um bebê que acaba de nascer neste momento, cada um contribui com R$ 4 mil ao longo de um ano, o mesmo que tirar todo dia em torno de R$ 11,00 da carteira e dar nas mãos do governo.


Segundo relatório divulgado pela Receita Federal nesta quinta-feira, o resultado histórico de 2010 foi decorrente do forte crescimento da economia. Para 2011, estima um crescimento nominal de 10% na arrecadação de impostos federais.


Toda essa salada de números serve para ilustrar que arrecadação, literalmente, não é um problema a ser tratado pelo governo federal. As portas de entrada de recursos estão abertas. O que falha é justamente o outro lado: a forma como todo esse dinheiro é utilizado pela máquina pública. Toda essa arrecadação deveria voltar ao contribuinte com a prestação de serviços de qualidade, nas mais diferentes áreas, o que infelizmente não ocorre.


Diante de tanta discrepância, fica mais fácil entender os motivos que levam grande parte da população brasileira a não levar a sério nossos governantes e representantes nos legislativos municipais, estaduais e federal. Sempre fica aquela impressão que se paga muito para se receber quase nada, além de sustentar uma máquina ineficaz, inchada e doente. Lamentavelmente, pelo quadro que se avisa em curto prazo, não dá para vislumbrar que algo possa mudar de forma positiva para o brasileiro, um sujeito que nasceu para pagar impostos.

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