Às vésperas da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach, já está se acostumando ao “jeitinho brasileiro”. O dirigente aproveitou o clima descontraído de um compromisso na praia da Barra da Tijuca para fazer uma crítica bem humorada à preparação da cidade-sede. “Conhecendo os brasileiros um pouco melhor, eles gostam de terminar as coisas no último segundo. Tenho certeza que teremos grandes Jogos”, afirmou.
E relativizou ao dizer que encara com naturalidade o fato de ter algumas pendências antes do início da Olimpíada. “Nunca tudo está 100% e, no Rio, não é diferente. Não há razão para reclamações, tenho certeza de que será fantástico”, exaltou.
O tom das declarações seguiram o clima de festa do evento. Nesta quinta-feira, Bach deixou o hotel, onde a cúpula da entidade está hospedada, acompanhado de Jorginho, técnico do Vasco, em direção à orla. O brasileiro atuou na Alemanha durante seis anos como jogador, e a língua em comum o ajudou a estreitar laços com o dirigente. O companheirismo fez até Jorginho receber um convite de Bach para acompanhá-lo durante algumas disputas olímpicas.
De bermuda, jaqueta e tênis esportivo, o presidente do COI pisou na areia da praia carioca e posou para fotos segurando a camisa cruzmaltina. “Sabendo que estou no Brasil e desenvolvo projetos sociais, ele queria que eu estivesse presente. É legal a gente manter esse contato, é uma pessoa muito simples e respeitada na Alemanha. Desejo todo o sucesso para a Olimpíada”, afirmou Jorginho.
Mas Bach cometeu um deslize ao confundir o nome de Jorginho com o de outro técnico brasileiro. “Dunga é um grande herói em nosso país, porque ele jogou lá por seis anos. Eu realmente gostei de encontrá-lo aqui e ganhar essa camiseta.” O treinador do Vasco disse que não ouviu o cartola mencionar o nome de Dunga e deu risada quando foi questionado pela reportagem. “É uma honra ser chamado de Dunga”, disse.
Após esse breve momento de confraternização, Bach entrou em uma roda para bater bola com garotos de um projeto social do Rio de Janeiro. A brincadeira ganhou um reforço do Flamengo, o atacante Leandro Damião, e os toques e cabeceios duraram alguns minutos.
Na sequência, o dirigente seguiu para a marca do pênalti e converteu apenas uma de três cobranças – a segunda bateu no travessão. Como goleiro, encerrou a atividade sem ser vazado. “Fiquei surpreso (com o convite), fiquei sabendo de última hora. Foi bacana ter batido uma bola com o presidente, ver como está o coração olímpico dele”, contou Damião.
Em bate-papo com as crianças, com a ajuda de um tradutor, Bach perguntou ao grupo em qual modalidade o Brasil conquistaria medalhas. Os jovens apostaram no inédito ouro olímpico do futebol. E o dirigente não perdeu a piada. “Não como dois anos atrás?”, questionou o alemão, em referência à vexatória derrota do Brasil para a seleção do seu país na Copa do Mundo por 7 a 1.
O presidente do COI também conversou com Marcelinho, campeão olímpico de vôlei nos Jogos de Pequim-2008. O ex-atleta apresentou o filho Pedro, que nasceu durante aquela Olimpíada. Esbanjando simpatia, Bach agachou para conversar com o menino e perguntou se estava surgindo um novo campeão olímpico. O garoto ficou quieto e parecia um pouco tímido por não compreender o que o cartola estava falando, o pai tentava traduzir.
Thomas Bach entregou uma camiseta e um broche da Olimpíada para Pedro, que permaneceu em silêncio. Marcelinho orientou o filho a agradecer em alemão – “danke” -, mas o dirigente interferiu, mencionando que ele entendia as palavras “muito obrigado”. Por fim, saiu em comitiva de volta ao hotel de olho nos próximos compromissos.