A Braskem vai anunciar nesta terça-feira, 09, uma parceria com a americana Amyris e a francesa Michelin para desenvolver tecnologia para a produção do isopreno verde. O isopreno é um insumo químico usado na fabricação de borrachas. As três empresas trabalharão juntas para acelerar os estudos bioquímicos que utilizam açúcares da cana-de-açúcar para desenvolver o novo insumo.
O objetivo da parceria é criar mais uma alternativa renovável de borracha para abastecer o mercado. Hoje, a borracha natural, proveniente de seringais, responde por 25% dos materiais usados na fabricação de pneus. As empresas não divulgaram informações financeiras do acordo. “Esse projeto faz parte de nosso esforço global estratégico de dar mais competitividade às fontes renováveis para indústria”, afirma Dominique Aimon, vice-presidente da área de comunicação técnica e científica da fabricante de pneus Michelin.
Já havia um acordo de cooperação, assinado em 2011, entre a Michelin e a Amyris, empresa de produtos renováveis focada em alternativas sustentáveis para derivados de petróleo. A companhia americana é responsável por investigar possíveis modificações genéticas nos micro-organismos para que eles possam, tendo como matéria-prima o açúcar, produzir isopreno. Já a francesa tem direito de preferência ao acesso à tecnologia. “A Braskem entra nessa parceria para contribuir com a biologia sintética e, principalmente, com o conhecimento do processo produtivo”, afirma Alexandre Elias, diretor de químicos renováveis da Braskem.
Amyris e Braskem vão compartilhar os direitos de comercialização da tecnologia do isopreno renovável. Hoje o projeto está em fase de desenvolvimento nos laboratórios da Amyris, na Califórnia, e da Braskem, em Campinas. A previsão é que a nova tecnologia alcance escala industrial em 2020. “Com sua experiência, Braskem participará do nosso compromisso de transformar a indústria química, por meio da inovação, criando produtos sustentáveis e de desempenho superior”, disse John Melo, presidente e CEO da Amyris.
O trio não está sozinho na corrida pelo isopreno verde. Outras fabricantes de pneu já se uniram à indústria química e de biotecnologia para desenvolver o produto. A Goodyear fechou em 2008 um acordo com a Genencor, subsidiária da Dupont, para pesquisar o componente. Já a japonesa Bridgestone se aliou em 2012 à conterrânea Ajinomoto para o mesmo fim. Resta saber quem conseguirá lançar primeiro o produto no mercado. Colaborou Marina Gazzoni. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.