Economia

Brexit apoia alta do dólar ante real, mas perspectiva de liquidez ameniza ganho

As incertezas trazidas pela decisão do Reino Unido de sair da União Europeia sustentaram o dólar à vista, que fechou nesta sexta-feira, 24, em alta de 1,07%, aos R$ 3,3777 no balcão. A demanda a princípio apoiou-se também nas perdas acumuladas em 7,45% ante o real em junho até ontem, quando a moeda americana caiu ao menor valor em quase um ano, a R$ 3,3420. No entanto, a elevação da divisa norte-americana foi amenizada pela perspectiva de que a liquidez internacional deve continuar intensa e o Federal Reserve (Fed) pode postergar o aperto monetário para o ano que vem. Com isso, o dólar afastou-se de sua máxima intraday, aos R$ 3,4469 (3,14%) no período da manhã.

A movimentação ficou concentrada no começo do dia, mas o volume total de negócios foi menor que o da véspera. Somou hoje cerca de US$ 1,667 bilhão, ante US$ 2,121 bilhões ontem. No mercado futuro, o dólar para julho encerrou a sexta-feira em alta da 1,05%, aos R$ 3,3800, com giro de US$ 17,065 bilhões. A pressão inicial foi tão forte que houve atraso de quase cinco minutos para a abertura dos negócios no mercado futuro. De acordo com a assessoria da BM&FBovespa, houve oscilação acima do permitido pelos controles de risco da bolsa para a abertura.

Após forte elevação no começo do dia, o dólar foi perdendo força ao longo dia, em linha com o movimento do Dollar Index. Para o operador Cleber Alessie Machado Neto, da H.Commcor DTVM, o impacto do Brexit no mercado de câmbio brasileiro foi limitado, porque, diante de um ambiente internacional de liquidez elevada e juros baixos, o País pode acabar se tornando destino de recursos vindos de economias desenvolvidas, como na Europa. “O capital especulativo vai procurar um lugar e o Brasil pode ser uma janela de oportunidades”, afirmou Machado Neto.

Em sua avaliação, foi modesta a elevação do dólar ante o real hoje em comparação ao que se esperava. “Ela foi amenizada por expectativas de ingresso de capital no País”, afirmou. “Uma alta de 1% era o mínimo esperado, mas o dólar subiu 3% no começo do dia e perdeu força. Nem com o Brexit o dólar conseguiu se sustentar acima de R$ 3,40 no mercado à vista”, ressaltou.

Há percepção de que os bancos centrais de países desenvolvidos, assim como no Brasil, estão comprometidos em garantir oferta de liquidez para conter eventuais choques, disse um outro profissional de câmbio. A fonte citou como exemplo o Banco da Inglaterra (BoE), que anunciou ter 250 bilhões de libras esterlinas disponíveis para oferecer em liquidez extra ao mercado para o período de “incerteza e ajuste”. A taxa de juros na Inglaterra está em 0,5% ao ano.

Posso ajudar?