O ministro das Relações Exteriores, José Serra, afirmou que foi “bastante positivo” o resultado da VIII Cúpula dos países membros dos Brics. “Vamos reforçar o desenvolvimento do banco dos Brics, com uma agência na África do Sul que está voltada para o financiamento de atividades de energia limpa”, citou. “Foi também firmado um acordo de cooperação e pesquisa de agricultura e agropecuária com bastante profundidade para os próximos anos.”
De acordo com Serra, foi firmado memorando de entendimento de ações conjuntas na área de saúde. “A Índia trouxe a ideia de práticas tradicionais de medicina e nos (coube) a parte de medicamentos. A ideia é poder desenvolver mais a produção de medicamentos de alto custo que são essenciais”, disse.
O ministro destacou que a Índia é o principal parceiro do Brasil dentro dos Brics em relação ao setor de medicamentos. Ele apontou que o país produz cerca de 70% das matérias primas farmacêuticas mundiais. Segundo ele, a intenção é avaliar produtos patenteados, que têm um preço muito alto, e poder produzi-los a preços mais baixos.
Serra afirmou que a Anvisa está assinando com a instituição homologa da Índia um acordo de integração que poderá permitir no futuro realizar testes conjuntos, dado que são caros.
Peso político
Segundo o ministro, a participação do Brasil nos Brics é uma questão política, de afirmação de uma entidade que tem um peso muito grande na economia internacional e uma participação expressiva da população global. “Os Brics nos reforça e damos força a ele. É uma ação recíproca positiva.”
Apesar de o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, ter sugerido que seria favorável a criação de uma agência de rating do grupo de 5 países, Serra afirmou que não foram dadas as condições para que isso fosse examinado na VIII Cúpula encerrada neste domingo, 16. “Isso vai ser discutido. Apenas não se firmou nesta ocasião.” O ministro é favorável à ideia, mas ressaltou que é uma posição pessoal, que não representa a visão geral do governo.
O ministro das Relações Exteriores destacou que o Brasil precisa fechar acordos encaminhados com os membros do bloco. Um deles envolve cerca de mil produtos com a África do Sul, mas ainda não foi concluído, e um outro com a Índia está em andamento. “Temos que fazer acontecer”, disse, sem dar detalhes sobre a possível parceria.
Banco de dados
O ministro destacou que há uma grande preocupação dos outros membros dos Brics de buscar medidas de união no combate ao terrorismo internacional, especialmente por parte da Rússia e da Índia. “(Vladimir) Putin propôs criarmos um serviço de troca de informações, um banco de informações”, disse. “Eu defendo desde quando tomei posse que (o ataque) ao terrorismo e crime organizado devem fazer parte da política externa.”
Serra afirmou ainda que, em encontros bilaterais, foram tratados problemas relativos ao ingresso de carne suína na África do Sul e de frango na Índia.
No caso do país asiático, o ministro ressaltou que há um potencial de crescimento do comércio exterior imenso, pois tem um PIB grande e uma demanda muito significativa por alimentos, produtos industriais e derivados de petróleo. “Há uma possibilidade de expansão enorme, sobretudo se fizermos caminhar o acordo preferencial com o Mercosul.”