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Brincadeira de roda

Em setembro eu completarei três anos navegando pelo mundo encantado do Facebook. Nesse período, eu reencontrei amigos antigos; construí novas amizades; recebi, também, comentários e ‘curtidas’ de internautas que possivelmente jamais venha a conhecer pessoalmente. O mundo está, literalmente, a um click de distância.
 
Foram inúmeras as mensagens inspiradoras que eu recebi, por meio da rede social lançada em 04/02/2004 por Mark Zuckerberg.
 
Há poucos dias, eu tive a grata surpresa de observar significativa foto em uma das comunidades virtuais nas quais estou inserido. Nessa imagem desbotada pelas décadas, 32 crianças de 10 anos se colocam ao lado da professora Jurema, na quarta série B, primeiro período, do Grupo Escolar José Alves de Cerqueira César.
 
A plaqueta que identifica a turma está apoiada na perna esquerda do terceiro menino da primeira fileira, a partir da esquerda. Aquela criança de 1973 sou eu. Eu não tinha essa foto, pois a falta de recursos da época impediu a família de adquiri-la. Mas o rosto de muitos dos colegas de infância jamais saíra de minha cabeça. O semblante da professora, então prestes a aposentar-se, também integrava a minha memória.
 
Quarenta e dois anos depois, eu reflito: o que ainda tenho em comum com aquele estudante da 4ª série B? O que restou do sonho de ser agente de mudança, sendo útil ao maior número possível de pessoas? Em quais sentidos eu contribuí para melhorar este, por vezes, incompreensível mundo? “Eu não sei” é a resposta tríplice.
 
A certeza irrefutável, porém, é que as mais de quatro décadas passaram e eu não percebi – como se a brincadeira de roda avançasse rapidamente. Os mais velhos sempre me alertaram para o fato de que a vida é muito dinâmica, e que invariavelmente só temos o dia de hoje para agirmos. A oportunidade perdida – a exemplo da palavra falada e da flecha lançada no provérbio chinês -, não volta mais.
 
José Augusto Pinheiro é jornalista guarulhense
 
 
 
 
 
 
 

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