O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, disse nesta quarta-feira, 8, que movimento coordenado de aumento de juros pelos bancos centrais pelo mundo tem na sua raiz o aumento da inflação resultante do necessário aumento dos estímulos fiscais dados pelos governos para combater os impactos negativos da pandemia sobre a economia mundial.
Isso porque, num segundo momento, em resposta aos estímulos na pandemia, o PIB se recuperou fortemente no mundo todo, em 2021 e 2022. Com isso, disse o diretor, a inflação que estava "morta" nos países avançados, reagiu com retomada rápida. No Brasil, a inflação voltou para mais próximo da meta antes da de seus pares, em parte por causa do corte nos impostos que incidem sobre a gasolina.
O que aconteceu neste choque de inflação é que os bancos centrais reagiram no mundo inteiro. Mas no Brasil, de acordo com Serra, a tendência é a de que a inflação caia junto com a do resto do mundo. "A inflação tende a cair com o aperto das políticas monetárias e com a normalização das cadeias produtivas", previu o diretor que participa do evento Futuro e Cenários Econômicos , da iniciativa Repensar Macaé, no Estado do Rio de Janeiro.
Ainda, segundo o diretor, por causa da onda de inflação pelo mundo na esteira dos estímulos, as autoridades monetárias acharam por bem que a atividade econômica fosse submetida a um movimento de desaceleração. Por isso, todos os BCs estão aumentando juros para desacelerar a inflação, num movimento, que segundo ele, é correto. "É natural o crescimento desacelerar com o aperto monetário em todos os lugares", disse.
<b>Cenário internacional</b>
O diretor de Política Monetária do Banco Central afirmou que um cenário econômico internacional benigno gera uma tendência de desvalorização global do dólar, o que é bom para o Brasil.
Serra falou no evento "Repensar Macaé", organizado desde 2018 por empresas e associações empresariais na cidade petroleira do Norte Fluminense.
Segundo o diretor do BC, no entanto, é preciso esperar para ver a duração desse período favorável a países emergentes como o Brasil. "Tivemos movimentos desses que foram menos longos que gostaríamos", observou ele.
<b>Varejo</b>
Bruno Serra afirmou que a economia brasileira voltou em um ano a operar acima do nível pré-pandemia e que, agora, o varejo perde força enquanto serviços operam bem acima de antes da pandemia.
Isso porque o consumo de produtos foi o primeiro a se recuperar, mas agora se acomoda, em boa medida em função da retirada de estímulos. Com isso, disse, o uso de capacidade instalada também começou a "mostrar alívio".
Sobre o consumo das famílias, ele disse que a massa de rendimento real se recuperou no último um ano e meio, quando experimentou crescimento forte. Primeiro esse movimento estava ligado ao auxílio emergencial, sobretudo em 2021, mas depois, cresceu em função do aumento de emprego e salários, que têm desacelerado nos últimos tempos.
"A criação de empregos foi forte, mas mostra desaceleração na margem", resumiu Serra.