O diretor executivo da gestora Berkshire Hathaway, Warren Buffett, disse não estar particularmente preocupado com a proposta do governo do presidente dos EUA, Joe Biden, de aumentar o imposto corporativo nos Estados Unidos de 25% para 28%, ainda que ela possa ser, de alguma forma, negativa aos investidores da gestora.
"É uma ficção corporativa quando as empresas dão declarações sobre o fato de que (o aumento do imposto) será terrível para todos os investidores", afirmou Buffett, antes de revelar que votou em Biden na eleição presidencial americanas em 2020.
Sócio de Buffett na Berkshire Hathaway, Charles Munger alertou contra a trajetória de gastos nos EUA, diante dos planos de investimentos trilionários do governo Biden.
"Acho que há uma boa chance de que essa conduta extrema seja mais viável do que todos pensavam. Mas eu sei que se você continuar fazendo isso sem qualquer limite, vai acabar em desastre", afirmou Munger.
<b>SPACs</b>
Warren Buffett também afirmou que a gestora não deve ter tanta sorte em fechar negócios em meio ao boom das empresas de aquisição de propósito específico (SPACs, na sigla em inglês) em Nova York.
Segundo ele, o alto interesse por negociações com estas companhias não vai "durar para sempre", mas é "onde o dinheiro está no momento". Também conhecidas como companhias do "cheque em branco", as SPACs atuam como alternativa às tradicionais ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês).
"As SPACs geralmente têm de gastar seu dinheiro em dois anos, pelo que eu entendo. Você coloca uma arma na minha cabeça e diz que tem de comprar um negócio em dois anos, eu compraria, mas não seria um muito bom", disse Buffett.
As SPACs consistem em corporações sem atuação comercial definida, que compram firmas já existentes para torná-las públicas. Conforme regulação da Securities and Exchange Comission (SEC), a CVM americana, elas têm até dois anos para levantar capital e adquirir uma outra empresa. Caso o acordo não seja firmado no prazo, são obrigadas a liquidar os ativos.
Buffett classificou esta prática como "uma versão exagerada de uma espécie de mercado baseado em apostas". Como mostrou reportagem do Estadão/Broadcast, o uso deste instrumento por empresas de setores mais sólidos em Wall Street acendeu o alerta de reguladores nos Estados Unidos.