Estadão

Busca por risco no exterior estimula alta do Ibovespa, mas Petrobras pesa

A busca por risco no exterior impulsiona o Ibovespa para cima nesta sexta-feira, após o fechamento perto da estabilidade ontem (-0,03%, aos 116.896,36 pontos). Além disso, o mercado acompanha a transição de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente em relação a quem ocupará a Fazenda e como o novo governo lidará com as contas públicas.

"Seria bom que o índice conseguisse ultrapassar os 118 mil pontos e buscar a máxima do ano em 121 mil pontos", diz o economista Álvaro Bandeira, também consultor de Finanças.

Após subir 2,50%, na máxima aos 119.821,35 pontos, o Ibovespa perdeu um pouco o ritmo de alta, indo para a faixa dos 118 mil pontos. Chama a atenção a virada de sinal para baixo das ações da Petrobras, que informou ontem lucro e pagamento de dividendos elevados. O recuo ocorre apesar da valorização de quase 5% do petróleo.

"Pode estar refletindo incertezas em relação ao novo governo, pois não se sabe o que acontecerá daqui para frente. Contudo, a lei das SAs protege bem empresas como Petrobras e Banco do Brasil,. Ou seja, não deve ser fácil fazer grandes mudanças", avalia Noernberg.

A estatal fechou o terceiro trimestre deste ano com lucro de R$ 46,096 bilhões, 48% a mais do que há um ano e 15,2% menor que o registrado no segundo trimestre de 2022. O resultado superou em 6,8% as estimativas do Prévias Broadcast. A Petrobras ainda conseguiu, mais uma vez, adiantar dividendos em montante significativo, de R$ 43,68 bilhões.

Lá fora, as bolsas e as commodities sobem apoiadas principalmente em relatos de reabertura da economia chinesa, com abrandamento da política de covid zero, o que tenderia a apoiar a atividade. O governo chinês, contudo, continua a negar, mas hoje prevalece o otimismo. Além disso, o relatório de emprego dos Estados Unidos, com geração de 261 mil vagas, superando a mediana das expectativas (215 mil vagas), fica no radar, após um Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) duro esta semana.

"O payroll veio bom forte, mas a taxa de desemprego subiu a 3,7%; previsão, 3,6%, indicando enfraquecimento do emprego. E o mercado comemora isso", diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, explicando que um aumento no nível de desemprego pode permitir um aumento dos juros americanos menor do que a alta de 0,75 ponto porcentual dos últimos encontros de política monetária. Ou seja, isso, cita, sugere que talvez o mercado de trabalho não esteja tão forte.

Segundo Noernberg, neste momento, os mercados parecem reagir mais ao aumento do desemprego nos EUA. "Dá o tom. Pode ser que a taxa de juros FED funds não vá para 5,25%, como já chegaram a dizer."

Na China, o minério de ferro saltou em torno de 5% por lá, atingindo o petróleo, que sobe mais de 4% nos EUA e em Londres. As ações da Vale disparam em torno de 7%, puxando todo o segmento metálico do índice Bovespa.

O bom humor ainda é influenciado pela informação de que uma auditoria americana sobre empresas chineses terminou antes do previsto, o que foi visto como sinal positivo para a permanência de papéis dessas companhias em bolsas dos Estados Unidos.

Às 11h21, o Ibovespa subia 1,27%, aos 118.376,49 pontos. Petrobras perdia 2,17% (PN) e 2,66% (ON).

Já Alpargatas puxa a corrente das quedas, ao ceder 16,17%. A fabricante de calçados, dona da marca Havaianas, registrou no terceiro trimestre de 2022 lucro líquido de operações continuadas de R$ 44,2 milhões, queda de 70,8% ante o terceiro trimestre de 2021.

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