Economia

Cade: conselheira Polyanna vota por aprovação de fusão Ultragaz/Liquigás

A conselheira do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) Polyanna Vilanova votou pela aprovação, com restrições, da compra da Liquigás pela Ultragaz. Polyanna apresentou um voto divergente da posição apresentada pela relatora, Cristiane Alkmin, que votou pela reprovação do negócio.

Nas últimas semanas, sem conseguir chegar a um acordo com a relatora, o grupo Ultra passou a negociar com Polyanna. A estratégia era que ela levasse um voto separado, que poderia ser seguido pelos demais conselheiros.

Enquanto Cristiane entendeu que a proposta da Ultra de vender o equivalente a 45% da Liquigás não era suficiente para garantir a concorrência neste mercado, Polyanna teve opinião contrária. Para a relatora, o conjunto de ativos que serão alienados pela proposta garante a entrada de uma empresa com condições de concorrer no mercado com a Ultragaz. “Os compromissos, a meu ver, são suficientes para eliminar as preocupações concorrenciais com a operação”, afirmou.

Ela ressaltou que a empresa compradora receberá um pacote completo com bases de abastecimento, botijões, contratos com clientes e de suprimento de GLP, e que poderá começar a atuar – e concorrer – com as demais imediatamente. A proposta prevê ainda a venda de todo o negócio da Liquigás no mercado de gás propelente (utilizado em aerossóis) em que seria criado um monopólio.

Polyanna rebateu as críticas feitas por concorrentes das empresas de que o Cade estaria sendo pressionado a aprovar o acordo por conta da alta multa contratual, de R$ 280 milhões, que a Ultra terá que pagar à Liquigás caso o negócio seja reprovado.

“O meu voto não é uma tentativa de acordo construída nos últimos dias, mas minha convicção construída nos mais de três meses que o meu gabinete vem estudando o caso”, completou.

Operação

Com a líder do mercado de gás de botijão (GLP) comprando a segunda colocada, a fusão das duas empresas foi considerada complexa desde o anúncio, em novembro de 2016, ao elevar a concentração de mercado das nova companhia a mais de 60% em alguns municípios. Em agosto do ano passado, um parecer da superintendência do Cade recomendou a reprovação da operação por entender que “não há pacote de remédios que enderece de forma adequada todas as preocupações identificadas”.

No parecer, a superintendência cita ainda investigações em curso e condenações do Cade por cartel no segmento de gás de cozinha como um dos fatores que reforçam a necessidade de barrar a compra.

A operação foi anunciada depois de a Petrobras abrir um processo competitivo por R$ 2,8 bilhões. Sem o aval do Cade, a Ultragaz terá que pagar uma multa de 10%, ou R$ 280 milhões à Liquigás.

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