O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reforçou os pedidos de esforços da comunidade diplomática por um cessar-fogo imediato no conflito entre o grupo Hamas e Israel e a abertura de um corredor humanitário para a chegada de ajuda à Faixa de Gaza. O discurso foi feito durante a Cúpula pela Paz no Cairo, na manhã deste sábado. "Considerando que sempre haverá aqueles dispostos a colocar lenha na fogueira, o Brasil apela pelo diálogo", disse o ministro.
Vieira também lembrou das sessões de emergência convocadas pelo Brasil como presidente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e lamentou a falta de uma resolução no encontro. "No entanto, os muitos votos favoráveis que o projeto recebeu – 12 de 15 – são prova do amplo apoio político a uma ação rápida por parte do Conselho", acrescentou. "Acreditamos que esta visão é partilhada pela comunidade internacional em geral."
O ministro destacou ainda que presidirá no dia 24 de outubro o Debate Aberto Trimestral do Conselho de Segurança da ONU, que abordará a situação no Oriente Médio, incluindo a questão palestina. "Sugiro que continuemos essa conversa, no mais alto nível possível, na tentativa de continuar buscando consenso para ação imediata", disse. "A paralisia do Conselho de Segurança está tendo consequências prejudiciais para a segurança e a vida de milhões de pessoas. Isto não é do interesse da comunidade internacional."
Em sua fala, o ministro pediu ainda o esforço para que seja evitada uma extensão do conflito para outros países da região, além de ter reforçado a necessidade de definir "fronteiras mutuamente acordadas e reconhecidas internacionalmente" entre Israel e Palestina. Mauro Vieira voltou a condenar os ataques do Hamas a Israel no dia 7 de outubro, ressaltando que há três brasileiros entre as vítimas e que outros cidadãos do País ainda aguardam serem evacuados de Gaza. "Israel, como potência ocupante, tem responsabilidades específicas no âmbito dos direitos humanos internacionais e do direito humanitário", disse ainda sobre a crise humanitária. O discurso também lamentou o bombardeamento do hospital Al Ahli-Arab, em Gaza.
O encontro no Cairo deve terminar ainda neste sábado. Além do Brasil, participam também o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas e o rei Abdullah da Jordânia, além de representantes da China, Rússia, França, Reino Unido, Catar, África do Sul, da União Europeia e da ONU, somando mais de 30 países presentes. A ausência de um alto funcionário do principal aliado de Israel, os Estados Unidos, representado na reunião pelo encarregado de negócios da embaixada do país no Egito, esfriou a expectativa de que a cúpula chegue a uma resolução relevante. Devido a discordâncias de todos os lados, um alto funcionário da UE disse à Reuters que é possível que não haja um texto final da cúpula.