A Câmara vai questionar o acordo com o governo estadual que levou a prefeitura de Claúdio, no interior de Minas Gerais, a assumir a manutenção do aeroporto construído em terreno desapropriado do tio-avô do presidenciável Aécio Neves (PSDB). Conforme informou o prefeito José Rodrigues Barroso de Araújo (PRTB), o Estado assinou um termo de ajuste repassando o aeroporto para o município em 30 de junho deste ano. Segundo o presidente do Legislativo, Neli Rodrigues de Moura (PSD), o acordo foi feito sem consulta à Câmara e vai gerar despesa para o município.
O caso será discutido na Câmara no início de agosto, ao fim do recesso parlamentar. “A prefeitura assumiu um aeroporto que não é homologado e vai arcar com um custo de R$ 35 mil por mês, mas a cidade tem outras necessidades”, afirmou. Segundo ele, na administração anterior, o Estado já havia tentado a transferência do aeroporto para o município, mas o prefeito da época se recusou a assinar o convênio. “O ex-prefeito Adalberto não aceitou porque o município tinha outras prioridades. Depois disso, o relacionamento com o governo estadual ficou mais difícil e tudo o que a cidade pedia não era atendido”, disse.
A Câmara vai pedir explicações ao prefeito, inclusive sobre o uso do aeroporto. Segundo o presidente, há informações sobre a concessão de alvará para uma empresa de voo panorâmico. O prefeito disse que, após a prefeitura ter assumido a zeladoria, não houve concessão de alvará, nem uso do aeroporto. Ele alegou que os custos ainda estão sendo levantados pelo departamento de obras, mas não são elevados. “Vamos manter um segurança para dormir lá e cuidar do local.” Procurado, o ex-prefeito Adalberto Rodrigues Fonseca (PR) não deu retorno. O governo estadual informou que o aeroporto só foi transferido para o Estado de Minas Gerais pela Secretaria Nacional de Aviação Civil em 3 de abril deste ano.
Reportagem da Folha de S.Paulo no dia 20 revelou que, em 2010, o então governador Aécio autorizou investimento de quase R$ 14 milhões na construção de um aeroporto com pista asfaltada na cidade de Cláudio, onde passou a infância. A pista fica a seis quilômetros da Fazenda da Mata, pertencente à avó do senador mineiro, Risoleta Neves, e foi construída em área desapropriada pelo governo do tio-avô de Aécio, Múcio Guimarães Tolentino. O dono do terreno não concordou com o valor de R$ 1 milhão oferecido pelo imóvel e entrou na Justiça. A ação ainda não foi julgada. Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, Tolentino é alvo de ação de improbidade por ter investido recursos públicos, quando prefeito da cidade, em 1983, em melhorias na pista de pouso instalada em sua fazenda.