Por mais responsabilidade que nós jornalistas devamos ter quando avaliamos um carro, ao assinarmos os termos de empréstimo, com um Camaro não dá para ser egoísta o tempo todo. Amigos mais chegados e parentes pedem para dar uma volta. Neste caso, juntei o útil ao agradável. Consenti que alguns conduzissem o automóvel. Em troca, deixaram suas impressões para me ajudar na avaliação, já que eu – naturalmente – me sentia anestesiado com todo o encantamento, primeiro pela beleza e, depois, pela força da máquina.
Todos que tiveram o prazer de pisar no acelerador do Camaro demonstraram a mesma impressão. "O carro é forte demais". "Nossa… Meu, isso anda demais". "Caraca, é rápido". E assim por diante. Junte-se a essas declarações, comentários de gente que soltava quando o Camaro passava: "Olha, uma Ferrari!!!!". "Isso é um Mustang?". "Esse é o mesmo carro do filme".
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Em alguns momentos, bate um sentimento pra lá de gostoso quando um pai, de forma bastante simples, vem pedir se pode tirar uma foto do filho, de uns 2 ou 3 anos, ao lado do carro parado em um posto de combustível. Lógico que sim. De quebra, deixo o garoto sentar-se ao volante para que também possa realizar talvez um sonho, até aquele momento, inimaginável. Nem precisa dizer que o trato dispensado pelos frentistas aos vidros do carro foi algo além do normal.
Essa sequência de comentários foi uma constante durante todo o período de avaliação. Na quarta-feira seguinte, hora de levá-lo de volta, bate um sentimento de perda, mas acompanhado do prazer de ter sido privilegiado com esses momentos, que – por certo – ficarão marcados. Mas não pense que acabou. Durante o percurso, entre Guarulhos e São Caetano do Sul, ainda havia emoção à flor da pele.
Como já havia acelerado tudo a que tinha direito, era hora de curtir essa despedida. Em determinado ponto do trajeto, ainda em São Paulo, começa a tocar no rádio The Wall, de Pink Floyd. Em meio ao trânsito, não tenho dúvidas. Som no talo para sentir cada batida da canção, que marcou diversas gerações (inclusive a minha). Nesses quase dez minutos de sonzeira, parece que me desliguei um pouco do mundo. Era o momento de curtir o sistema premium de 245 watts, da Boston Acoustics que conta com nove alto-falantes.
Nos faróis, olhava de lado e percebia motociclistas reparando que ali dentro havia um ser em êxtase. Sem exageros, mas é assim que me sentia já entrando pela avenida Goiás, rumo ao portão número 1 da fábrica da GM. Nesta hora, permito-me encerrar este texto com uma palavra que ilustra bem a experiência desta rápida avaliação jornalística. Aplausos.
Informações no pára-brisa
O Head-Up Display (HUD) é um sistema que projeta informações no para-brisa do veículo. A idéia é a de que, em um veículo esportivo (o Corvette também oferece o equipamento), o motorista não desvie o olhar da estrada – por isso as informações ficam refletidas diretamente para-brisa. O HUD nasceu em projetos militares que a GM executou para as forças armadas norte-americanas. Dentre as informações refletidas, o motorista pode visualizar a velocidade, a rotação do motor e a até a estação de rádio. O condutor ainda pode personalizar a altura e a intensidade das imagens.