Dezessete anos avaliando automóveis cedidos pelos fabricantes para avaliações jornalísticas, publicadas em mais de uma dezena de jornais, revistas e sites, perdi a conta de quantos possantes passaram em minhas mãos. Alguns deles que custavam mais de seis dígitos, outros que aceleravam acima dos 200 km/h e alguns ainda que atingiram mais de 100 km/h em pouquíssimos segundos. Talvez – pelo menos que eu lembre – nunca eu tenha escrito um texto sobre um carro em primeira pessoa.
Mas desta vez preciso abrir uma exceção. Impossível falar sobre a experiência com um Chevrolet Camaro SS, durante seis dias, sem expressar minhas opiniões pessoais e tudo aquilo que senti à frente da máquina. Desde o que o carro significa em termos de potência até o que representa para o imaginário popular. Chama a atenção o fato de não ser um automóvel com um valor absurdo (R$ 185 mil). Custa menos que vários automóveis que tropeçamos por aí, mas – nem por isso – atraem tanto. Seria algo assim: enquanto uma Ferrari, cujos valores superam a casa do milhão e meio de reais, é um desejo quase inatingível, o Camaro é um sonho possível para quem tem um pouco mais de dinheiro sobrando.
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Tudo começa numa sexta-feira pela manhã, dia marcado para retirar o Camaro na GM de São Caetano do Sul, após alguns meses de espera até chegar a minha vez. Por sorte, o departamento de imprensa reservou um modelo amarelo com faixas pretas, "igualzinho ao Bumblebee". Ouvi isso inúmeras vezes ao longos dos próximos seis dias, numa referência ao mocinho do filme Transformers, de 2007, o robô que vira um carro e vice-versa.
Já no caminho até São Paulo, onde fui escoltado por outro carro que estava sendo devolvido após avaliação, foi possível perceber olhares e pescoços virando o tempo todo. Como estava conhecendo melhor meu Bumblebee, acelerava pouco. Tinha minha atenção voltada para os comandos internos, tentando identificar o significado de cada botão e dos mostradores. O teto baixo e a janela com vidros de tamanho reduzido anunciavam que eu realmente teria muito a descobrir.
Levando o Camaro para meu dia-a-dia, foi em frente a um restaurante, onde parei para almoçar em companhia de meu filho de nove anos, na principal avenida de Guarulhos, que eu notei pela primeira vez todo o encantamento que ele causa nas pessoas.
Estacionado, o carro – em segundos – tornou-se uma verdadeira atração para aqueles que passavam. Outros veículos eram estacionados dos dois lados da via, com seus ocupantes descendo para fotografá-lo. Do restaurante, creio que todos os garçons – de forma discreta -, um a um, saíram com seus celulares para registrar a presença do visitante ilustre.
Em seguida, de forma proposital, deixei o Camaro amarelo estacionado em frente ao colégio de meu pequeno por cerca de meia hora. Quando retornei ao carro, ele estava cercado de crianças e adolescentes, sempre encantados, pela beleza. A moça da portaria comemorava o sucesso que a máquina causava. "Tio, dá uma acelerada aí, vai. Deixa a gente ouvir o barulho". A manifestação dos garotos se repetiu incontáveis vezes ao longo dos seis longos e intermináveis dias.
Ao parar em frente ao jornal, em poucos minutos, precisei sair para mostrar o carro para os colegas de trabalho e até para vizinhos da rua. Era um tal de gente tirando fotos de fora, sentado ao volante, com o capô aberto… A recepcionista, pela câmera de segurança, perdeu as contas de quantos pararam para admirar o Camaro amarelo.
À noite, o encantamento causado pela presença do carro na cidade era marcante. Enteado e sobrinho pediram para levá-los até um barzinho para que "eles pudessem pagar de gatinhos", como me contaram. Parei em frente ao estabelecimento lotado para os dois descerem e aparecessem para os amigos e amigas. No dia seguinte, contaram que – só pela carona – tornaram-se os astros daquela noite. Impressionante como o Camaro causa. Como mencionou outro dia o gerente de imprensa da própria GM, Nelson Silveira: "trata-se de um embelezador natural".