Os reajustes nos preços dos medicamentos e na tarifa de água em São Paulo devem acrescentar um impacto de 0,25 ponto porcentual na inflação fechada deste ano, de acordo com cálculos da economista Adriana Molinari, da Tendências Consultoria Integrada. Segundo ela, se os efeitos se confirmarem e a considerar a pressão do câmbio, a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ser revisada de 7,90% e se aproximar de 8,1%. “Tínhamos alguns fatores de pressão ao longo de março e alteramos nossa projeção para a taxa de câmbio do fim deste ano de R$ 2,79 para R$ 3,60. Além disso, esperávamos uma alta média de 4% para os preços dos medicamentos e veio alta de 6,4%”, explicou.
Os preços dos remédios subiram na última semana, conforme autorização da Câmara de Regulação de Medicamentos. Já a tarifa de água pode ficar mais cara 13,8% na capital paulista, já que a Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp) autorizou o aumento nas contas da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
A medida ainda está em audiência pública e a expectativa é de que seja confirmada no dia 11 abril, começando a valer no dia 11 de maio. “De todo modo, se confirmada, a alta na tarifa de água e esgoto em São Paulo deve vir muito acima do esperado inicialmente (7,7%)”, disse Adriana.
De acordo com a economista, o aumento de quase 14% nas tarifas de água deve ter impacto de 0,04 ponto porcentual no IPCA fechado de 2015, enquanto o reajuste médio de 6,4% nos remédios deve elevar o índice em 0,21 ponto porcentual.
Apesar de considerar que a atividade enfraquecida tende a diminuir as influências de alta do câmbio para a inflação, Adriana disse que a expectativa de continuidade de depreciação cambial e os aumentos dos remédios e na conta de água embutem viés de alta na projeção para o IPCA. O aumento da água, somado à surpresa da alta de medicamentos e à recente revisão cambial, deve fazer com que a Tendências eleve a projeção do IPCA 2015 dos atuais 7,9% para níveis entre 8,0% e 8,1%”, afirmou. Para os remédios, a consultoria esperava aumento em torno de 4,0%.