Após seis anos e dois meses no cargo, o primeiro-ministro britânico David Cameron participou nesta manhã de sua última audiência com o Parlamento do Reino Unido. Bem humorado, fez piadas sobre o futuro e o gato Larry que ocupa a residência oficial. Dos parlamentares, recebeu as últimas críticas sobre a gestão e o plebiscito que deu vitória ao grupo contra a União Europeia. Cameron deve se reunir com a rainha Elizabeth II às 13h no horário de Brasília para oficializar a renúncia. Em seguida, Theresa May pede anuência à monarca para formar o novo governo.
Nesta manhã, Cameron participou da sessão semanal entre o primeiro-ministro e o Parlamento para agradecer o apoio dos colegas em uma sessão de despedida da Câmara dos Comuns. Em uma sessão de tom descontraído, o premiê que deixará o cargo fez piadas e foi alvo de brincadeiras. Entre os que pediram a palavra, foi feita a sugestão para que Cameron tente o emprego de técnico de futebol da seleção da Inglaterra ou de apresentador do programa Top Gear, atração da BBC que recentemente perdeu um apresentador.
Ao lado de Theresa May, o premiê também fez uma provocação ao Partido Trabalhista ao lembrar que os Conservadores se preparam para ter a segunda primeira-ministra – Margaret Thatcher e Theresa May -, enquanto os Trabalhistas não tiveram nenhuma líder mulher. “Está dois a zero”, brincou. O líder opositor do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, devolveu a piada e, ao comentar a saída do premiê, disse que a democracia “é excitante e uma coisa esplêndida que eu aproveito a todo momento”.
Os momentos mais sérios foram as intervenções da bancada da Escócia, que usou tom mais duro e criticou Cameron por ter realizado o plebiscito que deu vitória ao voto contra a União Europeia. Parlamentares escoceses disseram que o primeiro-ministro fez mais para a independência da Escócia que aquela bancada.
Antes de deixar a sessão, Cameron usou a palavra para negar o boato de que não gosta do gato que ocupa a residência oficial do primeiro-ministro. Larry, um vira-lata adotado de um centro de animais abandonados, tem o cargo de “caçador de ratos chefe” do governo britânico. A brincadeira existe desde o início do século passado e felinos são mantidos na residência de praticamente todos os premiês britânicos de Winston Churchill a Margaret Thatcher passando pelos trabalhistas Tony Blair e Gordon Brown. “Eu o amo”, disse, ao mostrar uma fotografia no gabinete com o gato no colo.