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Campos diz que crédito rural no Brasil precisa ser ágil

O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, afirmou nesta quarta-feira, 06, durante sabatina na Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), que o crédito rural no País precisa ser “modernizado e tem de ser ágil”. “Não adianta ter R$ 200 bilhões em crédito e fazer conta de palito na hora de avaliar os subsídios e a subvenção”, disse.

Ele defendeu ainda a institucionalização de políticas de preço mínimo para o setor e disse que, caso eleito, liderará a negociação no Congresso para regulamentar ainda em 2015 o artigo da Constituição Federal (CF) que diz respeito às cooperativas. “A não regulamentação da CF afeta a capacidade e a competitividade dos cooperados, responsáveis por 40% da produção brasileira”, disse.

Ele defendeu ainda a criação de um conselho para o desenvolvimento agrário que seja voltado ao “diálogo constante” com esse segmento.

Campos também apontou problemas do País na área de logística e defendeu investimentos nessa área. Segundo ele, a logística chega a ter um impacto de 40% sobre o preço de produtos nacionais quando em outros países essa proporção chega a 10%. O candidato destacou que o agronegócio multiplicou sua produção nos últimos anos e não foi acompanhado pela expansão da capacidade logística do País. “O Orçamento fiscal não dá conta dos objetivos (para a logística). O ambiente macroeconômico tem que melhorar, se não o setor privado não aporta recursos”, concluiu.

Global

O candidato do PSB também afirmou que o agronegócio fez uma aliança estratégica com o conhecimento, “ficando mais global do que outros setores”. De acordo com ele, a revolução e a modernização do setor nos últimos 40 anos culminaram no quadro atual, em que o agronegócio responde por 23% do Produto Interno Bruto (PIB) do País e 26% dos empregos.

Ele defendeu que haja um diálogo maduro com o setor no futuro. “Teremos que fazer do Brasil a maior potência de bioeconomia do mundo”, disse. Campos ressaltou ainda que ele e sua companheira de chapa, a ex-ministra Marina Silva, sabem dos desafios que têm pela frente. “Nunca fui mercador de ilusões. Com paz, entendimento e produtividade o agronegócio será mais e mais respeitado.”

O pessebista destacou também que um dos desafios do País é a carência em infraestrutura, que afeta sobretudo o agronegócio e a indústria. “É fundamental termos uma agenda nesse novo ciclo”, disse. “O modelo de gestão do novo Estado vai exigir um novo padrão. A agenda inovadora e de futuro não será terceirizada”, concluiu.

Compromisso com BB

Campos defendeu também “compromisso” com o Banco do Brasil (BB), que é uma das fontes de financiamento para o campo no País, em um eventual governo.

Ele usou o início do seu discurso na CNA para fazer uma análise do cenário macroeconômico brasileiro, disparando críticas contra a atual gestão. Ele também defendeu um maior comprometimento com o centro da meta da inflação para que o Produto Interno Bruto (PIB) e a renda dos brasileiros cresçam. O candidato afirmou que o País deve ter “câmbio no lugar certo”, que não prejudique a competitividade do agronegócio e da indústria do País.

Ao final de sua fala na CNA, Campos abordou a crise no setor sucroalcooleiro, citando o fechamento de dezenas de usinas pelo País. “A agroenergia precisa se transformar em política de Estado”, disse. Ele concluiu defendendo a criação de planos de logística decenais, que não mudem com as trocas de governo, e disse que é preciso ampliar investimentos em hidrovias no País.

Marina Silva

Marina Silva, que sofre forte resistência do agronegócio brasileiro, acompanhou a participação de Campos no evento. O candidato do PSB defendeu a atuação de sua candidata a vice à frente do Ministério do Meio Ambiente, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Ele elogiou a trajetória da companheira de chapa após uma pergunta que, sem citar nomes, apontou que setores praticavam um “ambientalismo radical”. Campos disse que, na época em que Marina foi ministra, o Brasil assumiu posição de líder nos fóruns internacionais de debate sobre o meio ambiente. Ele criticou ainda o “ambiente de desentendimento” que se cria ao opor produção agrícola e sustentabilidade. “É uma agenda que parece que quem tá no campo está derrubando Mata Atlântica e defendendo trabalho escravo e sendo contra a reforma agrária. Esse ambiente não é de futuro”, disse. “É do passado e é ruim para a agricultura, Pode ser bom para algumas pessoas obterem votos na época de eleição”, completou.

Ele advogou pela criação de um entendimento entre os dois polos, dizendo saber o “tamanho do desafio” que é construir paz no campo. “Ninguém quer produzir destruindo a natureza e promovendo trabalho escravo”, afirmou.

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