O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira, 25, que a autarquia tem a ideia de fazer uma pesquisa com empresários sobre como eles estão entendendo o processo inflacionário. Em entrevista à <i>GloboNews</i>, ele disse que essa proposta faz parte de um assunto mais amplo e de um processo de melhorar a parte de pesquisas da autarquia.
Argumentou ainda que muitas vezes ouve que as pesquisas de inflação geralmente são realizadas com economistas, mas que muitas vezes o viés desse grupo difere de outros da sociedade.
Campos Neto citou que há na Fundação Getulio Vargas (FGV), por exemplo, pesquisas que medem a percepção dos consumidores, e que, em geral, mostram uma visão de preços mais altos do que a dos economistas.
Ele acrescentou que nos Estados Unidos, onde há uma produção ampla de pesquisas, levantamentos também mostram que economistas costumam ter uma visão mais comedida da inflação que outros grupos.
<b>Metas de inflação</b>
O presidente do Banco Central afirmou também que acredita que o tema da meta de inflação será endereçado em breve. Na entrevista à <i>GloboNews</i>, questionado sobre quando os juros irão cair, Campos Neto afirmou que não tem como adiantar porque essa é uma decisão de colegiado. "Sou um voto de nove", disse em referência ao Comitê de Política Monetária (Copom).
Ele reiterou que a autarquia acompanha três vetores para a decisão: inflação no curto prazo, a capacidade do País crescer sem gerar inflação e a expectativa de inflação.
Dentro do tema das expectativas, Campos Neto reiterou que a possibilidade de alteração na meta de inflação ainda precisa ser resolvida, mas que entende que o tema será endereçado em breve.
<b>Exemplo argentino</b>
O presidente do BC citou uma conversa que teve com o ex-presidente do Banco Central da Argentina Federico Sturzenegger sobre a mudança de meta que ocorreu no país.
De acordo com Campos Neto, o objetivo da mudança era gerar flexibilidade, mas "saiu tudo do controle".
Campos Neto defendeu que o caso é uma "lição" para o Brasil. O presidente do BC afirmou em seguida que mudanças, como a da meta ou a realidade no arcabouço fiscal, precisam ser feitas visando principalmente gerar eficiência. "O período é de incerteza. O ideal seria não fazer nenhuma modificação em meta", afirmou.
O presidente do BC também disse que a autarquia fez algum tempo sobre a possibilidade de meta contínua, que mostrava a alguma ineficiência no sistema de ano-calendário.