O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 22, em seminário do jornal <i>Folha de S.Paulo</i>, que a "personalização" das críticas ao BC em seu nome mostra baixo conhecimento no processo de amadurecimento da autonomia da autoridade monetária. Ele ainda disse que esperava que o aumento de juros realizado pelo BC em meio à campanha eleitoral fosse reconhecido pelo governo.
Campos Neto destacou que o amadurecimento sobre a autonomia tende a aumentar ao longo do tempo, inclusive com a entrada de novos diretores no BC. Recentemente, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, e o técnico da autarquia Ailton Aquino foram indicados para as vagas abertas. Duas novas cadeiras podem ser alteradas em dezembro, conforme a lei de autonomia.
"Vamos ter novos diretores, que têm toda capacidade de ter opiniões diferentes, mercado vai entender as opiniões diferentes. Isso já acontece hoje", disse o presidente do BC, citando a divergência da reunião de setembro, quando dois diretores votaram por nova alta de juros, enquanto a maioria decidiu pela estabilidade da taxa.
Campos Neto reconheceu que o presidente da República tem direito de entrar em debate sobre taxa de juros, como está acontecendo, inclusive, em vários países. Mas confessou que acreditou que o trabalho do BC seria reconhecido, uma vez que subiu bastante os juros em um ano eleitoral em 2022, para garantir que a inflação seria mais comportada "independentemente de quem ganhasse".
"Confesso que considerei que isso seria reconhecido. Fizemos aumento muito grande, com todos os questionamentos se era bom para o governo", apontou Campos Neto. "Faz parte do debate. Algumas declarações vêm no sentido de não ter entendido as regras do jogo. É importante entender que desenhamos autonomia, que tem regras a serem seguidas", completou.