O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira, 1º de setembro, que a projeção para a dívida pública dos Estados Unidos indica um cenário bastante preocupante, lembrando o alerta feito pela Fitch na revisão da nota soberana do país. O presidente do BC disse que os EUA estão com o lado fiscal bem expansionista e que o governo norte-americano deve gastar perto de US$ 2 trilhões em 2023.
Ele comentou que os juros de 30 anos nos EUA ultrapassaram os juros de cinco anos, o que não acontecia há um bom tempo. "Há ainda muitos gastos no segundo trimestre nos EUA, mas o excesso de poupança privada diminuiu", destacou, no Lide Brazil Development Forum, que ocorre em Washington.
Segundo Campos Neto, outros países estão chamando atenção para os problemas fiscais, o que tem implicações para o Brasil. "Com todo mundo olhando o fiscal, sobe barra um pouco para o fiscal interno."
O presidente do BC ainda mencionou que o mercado imobiliário nos EUA mostra piora das condições para aquisição de moradias e que há elementos para ficar preocupado se houver uma desaceleração mais forte na economia americana, o que não se observa agora.
<b>China</b>
Campos Neto afirmou também que, apesar das medidas que vêm sendo apresentadas pela China relacionadas ao crescimento econômico, o mercado imobiliário tem queda de 8,5%, sendo que o setor representa 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
"As revisões de crescimento para baixo na China têm implicações ao Brasil", diz, lembrando que o processo já vem impactando os preços chineses, com dado deflacionário, que "é sempre preocupante".
Segundo ele, os empréstimos imobiliários estão negativos na China, com duas grandes empresas com valor de mercado perto de zero. Na parte mais estrutural, afirmou que surpreende muito na China o envelhecimento da população e o desemprego de jovens.
<i>*O jornalista Ricardo Leopoldo viajou a Washington a convite do Lide</i>