O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira, 28, que a autoridade monetária fez um trabalho de análise bastante amplo para entender a resiliência da inflação de serviços.
Na coletiva do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), Campos Neto frisou que o BC "dissecou", por exemplo, qual é o peso da mão de obra, mesmo nos segmentos menos intensivos em força de trabalho, em cada item da inflação de serviços, para conferir se existe uma correlação. "É um trabalho que foi bastante amplo", disse.
Segundo o presidente do BC, não existe uma convicção hoje de que uma relação mecânica entre emprego e inflação de serviços tenha se estabelecido a ponto de levar a um cenário mais desequilibrado. Porém, aumentou a incerteza sobre o comportamento dos preços.
Campos Neto pontuou que o BC tentou, em seus documentos sobre a última decisão de juros, descrever as analises feitas, descrevendo as fontes de incerteza mais importantes. Além disso, acrescentou, a autarquia buscou descrever com clareza em seu cenário-base a trajetória da inflação a partir de simulações com base nas expectativas de mercado contidas no Boletim Focus.
<b>Forward guidance</b>
Campos Neto disse que o forward guidance para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de junho foi retirado por falta de visibilidade clara.
"Quando a gente não tem uma visibilidade tão clara, é obvio que o BC fica um pouco dependente dos cenários daqui até lá", disse Campos Neto durante coletiva do Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Ele observou que o guidance foi mantido para a reunião de maio, quando o Copom sinalizou a manutenção do ritmo de cortes de 0,5 ponto porcentual da Selic. Até lá, o BC vai aguardar pelos passos do Federal Reserve, o banco central dos EUA.
No modo "data dependente", também vai observar o comportamento da inflação de alimentos, na qual a autoridade monetária espera queda após a alta do primeiro trimestre, além de buscar maior entendimento sobre mecanismo de transmissão do aumento da renda à inflação de serviços.
<b>Situação fiscal</b>
O presidente do Banco Central disse que a instituição continua preocupada com a situação fiscal do País e que por isso tem mantido a comunicação sobre o tema. No entanto, disse, "em 2024, a probabilidade de o fiscal ser melhor do que o mercado espera é maior".
No último Boletim Focus, divulgado na última terça-feira, 26, a mediana das expectativas dos analistas do mercado apontava para um déficit primário em 2024 da ordem de 0,75% do PIB.