O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira, 8, que as últimas semanas tem havido mais surpresas negativas na recuperação do crescimento de importantes economias. "Começamos a ver algumas projeções sendo revisadas para baixo, algumas por causa da variante Delta, outras pela perda de potência de pacotes econômicos lançados anteriormente", afirmou, em palestra virtual na 15th Annual LatAm Equities Conference, promovida pelo Credit Suisse.
Campos Neto acrescentou que o mercado também já começa a revisar levemente as projeções de crescimento do PIB brasileiro, após a retração de 0,1% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano. "Mas esses ajustes têm sido feitos mais em relação a 2022 do que a 2021", apontou.
Mais uma vez, o presidente do BC alertou para o fato do pós-pandemia ser um ambiente de endividamento alto em países emergentes e desenvolvidos. "Temos que lidar com um problema de endividamento alto", repetiu.
Campos Neto voltou a destacar que a estratégia de diversificar as vacinas no Brasil está sendo muito efetiva, e apontou que a Pfizer anunciou planos para construir uma fábrica de imunizantes no País.
<b>Inflação</b>
O presidente do Banco Central, repetiu que a autoridade monetária tem passado uma "forte mensagem" de que irá fazer o que for preciso para trazer a inflação para a meta no horizonte relevante.
Mais uma vez, ele argumentou que após o choque de alimentos, o Brasil passa por uma "segunda onda" de surpresas relacionadas a preços administrados, como a energia elétrica. O presidente do BC admitiu que as expectativas de inflação para 2021 são muito mais altas do que a autarquia esperava.
Segundo Campos Neto, o BC também está atento para a alta nas projeções do mercado para a inflação em 2022. "Há uma diferença maior entre que o mercado vê para a inflação um ano à frente e o que os nossos modelos mostram. Estamos tentando entender essa diferenciação", afirmou.
Ele disse que a inflação nos países avançados tem apresentado surpresas apontando para uma alta maior dos preços. "Os elementos mostram inflação maior à frente".
Ao mesmo tempo, ele destacou uma acomodação no crescimento das economias avançadas nas últimas semanas. Mais uma vez, Campos Neto considerou que nenhum dado mostra uma disrupção na cadeia global de suprimentos. "Mas, caso dos semicondutores, vai demorar ainda um tempo para que a produção se normalize, afetando o Brasil e outros países", completou.
<b>Endividamento</b>
Campos Neto voltou a defender uma imagem fiscal do Brasil melhor do que a impressão dos críticos. "Os números mostram endividamento melhor do que pensávamos. Olhando para o resultado primário, teremos um resultado próximo do zero em 2022. Cruzamos essa crise com um nível de equilíbrio não tão ruim", afirmou.
Campos Neto mais uma vez apresentou a agenda digital do Banco Central e destacou que nenhum projeto foi paralisado durante a pandemia. O presidente do BC citou ainda a agenda de sustentabilidade da instituição.