O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o Brasil pode aprender com erros da Argentina e citou como piores deslizes na condução da política econômica dos vizinhos o desrespeito à autonomia do Banco Central local, a mudança no regime de meta de inflação e ausência de ajuste fiscal.
"Podemos aprender várias coisas com a Argentina, com a sequência de erros deles. A primeira coisa foi desrespeitar a autonomia do Banco Central. A segunda foi desrespeitar o sistema de metas (de inflação) e reajustar para cima", afirmou Campos Neto nesta terça-feira, 15, em evento na sede da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE).
O presidente do Banco Central também criticou a tentativa de ajuste fiscal argentina. "O ajuste fiscal foi muito lento e, no final, não teve. Ele acabou com a percepção de falta de autonomia do BC e falta de regramento monetário, gerou uma inflação em espiral", disse.
<b>Situação complexa</b>
Campos Neto vê situação econômica delicada do país vizinho, com inflação descontrolada. "A Argentina está em situação complexa, com inflação rodando a 140%. Eles subiram os juros ontem (segunda-feira, 14) e a moeda desvalorizou, segue desvalorizando bastante", afirmou, no evento na sede da FPE.
Ele ainda comentou que o resultado das eleições primárias do País, quando o populista de extrema direita Javier Milei foi o mais votado, reflete a preocupação da sociedade com a inflação. "O candidato que acabou se saindo melhor realmente atendeu ao apelo das pessoas de cuidar da inflação. Ele foi o único candidato que batia no tema de inflação. O que as pessoas hoje não aguentam mais na Argentina é a inflação", disse.
Questionado sobre a possibilidade de dolarização da economia argentina, ele disse que seria um processo complicado, já que o País tem reservas negativas de dólar. "É complicado sair. A que preço vou fazer essa dolarização?", ponderou.