O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçou nesta sexta-feira, 21, que há inflação de demanda no Brasil justificando o atual patamar da Selic. A situação fiscal do Pais é outro elemento entre as justificativas dos juros a 13,75% ao ano, segundo Campos Neto.
O banqueiro central participou nesta sexta da Lide Brazil Conference London, evento que o Grupo de Líderes Empresariais (Lide) organiza na capital britânica. No evento, fez um balanço das medidas adotadas pela autoridade monetária durante a pandemia para conferir liquidez à economia. Ele disse que estas medidas foram adotadas no contexto de que a autarquia enxergou muito cedo os efeitos da chegada da pandemia.
O banqueiro central, que falou sobre os "Os Novos Instrumentos Como Fatores de Desenvolvimento das Nações: o papel das moedas digitais do Open Finance e as Perspectivas de Inflação, Juros e Câmbio", voltou a defender o sistema de metas inflacionárias e a reforçar para aqueles que acusam o BC de não cumprir a meta por alguns anos que o não cumprimento está em linha com as vezes que bancos centrais de economias similares deixaram de cumprir seus respectivos objetivos.
<b>Inflação de demanda</b>
Campos Neto relatou que escuta com certa recorrência de que a inflação no Brasil é decorrente apenas de choque de oferta. Na avaliação dele, isso não é verdade porque hoje há mais componentes de demanda na inflação do que de oferta.
"E mesmo que a inflação fosse de oferta, os BCs têm por obrigação combater os efeitos secundários, que é quando os efeitos de uma inflação de oferta se propagam na cadeia", disse. Ele argumentou que há vários estudos mostrando que, quando a inflação sai do controle, as empresas brasileiras se adaptam rapidamente, os ricos se adaptam rapidamente, mas o pobres não. Ele destacou que a inflação é um grande instrumento promotor de desigualdade e pobreza no Brasil.
Campos Neto se referiu à situação fiscal do Brasil para justificar a necessidade de a taxa de juros permanecer mais alta que em outros países. Para ele, o orçamento rígido brasileiro tira potência da política monetária e isso também justifica a taxa básica de juro mais alta no Brasil.