Economia

Campuseiros investem R$ 10 mil para criar rede Wi-Fi própria

Uma das principais reclamações na Campus Party Brasil é a falta de conexão Wi-Fi. Quando não estão sentados em frente à tela do computador nas longas bancadas do evento, os campuseiros ficam na mão, já que o sinal de banda larga móvel (3G/4G) é fraco no interior do Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo. Um grupo de campuseiros que vieram da cidade de Maringá, no Paraná, decidiu resolver o problema por eles mesmos na décima edição do evento: investiram R$ 10 mil em roteadores e outros equipamentos para criar seis redes sem fio no evento, que podem ser usadas por qualquer campuseiro.

“Se eu estiver dormindo na barraca, consigo acessar uma das seis redes Wi-Fi que nós instalamos”, afirma André Lima, organizador da caravana Maringeek, que desenvolveu a rede de internet. A reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” testou as redes Wi-Fi da caravana de Maringá e, apesar da instabilidade do sinal, as seis redes funcionaram e conseguem cobrir praticamente a Campus Party inteira — incluindo a área de camping e a área aberta, que permite visitação gratuita.

Os R$ 10 mil necessários para criar as redes Wi-Fi saíram do bolso de doações dos mais de cem integrantes da caravana de Maringá, além de amigos e familiares que se solidarizaram à causa do grupo. Na prática, o grupo está usando a conexão de internet de 40 Gbps oferecida pela Campus e roteando com seus próprios equipamentos. Os integrantes da caravana não adotaram uma senha para as redes Wi-Fi, o que permite que qualquer campuseiro – ou visitante – se conecte à rede.

“Qualquer um pode usar, basta logar na nossa rede e usar”, diz Lima. “Nesta edição, porém, estamos fazendo apenas um teste para ver se vale a pena e se funciona. Em edições futuras, nós queremos expandir o alcance.”

Lobo solitário

Eles não são os únicos a criar uma rede Wi-Fi para conseguir usar o smartphone durante a Campus sem depender da rede de internet móvel das operadoras. O brasiliense Andres Ribeiro, de 21 anos, também investiu em uma rede própria no Wi-Fi. Ele trouxe seu roteador e plugou o cabo de conexão de internet da Campus Party. O resultado, para ele, está sendo positivo. “Não tenho 4G bom aqui em São Paulo”, afirma o rapaz, que está em sua terceira Campus Party. “Quando vinha para cá, ficava sem usar o celular. Com o meu Wi-Fi conectado, consigo usar o WhatsApp e outros aplicativos.”

Ribeiro veio para a Campus sozinho e, ao contrário da caravana de Maringá, decidiu não compartilhar sua rede com outros campuseiros. “Já vieram me pedir, mas não posso. Meu roteador não é tão potente e, se a senha virar pública, fico sem internet no celular de novo”, explica o brasiliense.

Questionada pelo jornal, a organização da Campus Party afirmou que não oferece redes Wi-Fi no evento, porque não é possível garantir a velocidade de 40 Gbps em redes sem fio. “Wi-Fi é coisa do futuro”, justifica Novaes. “Por meio de cabeamento, oferecemos conexão com velocidade de 40 gigabits por segundo (Gbps). Como não dá para oferecer essa velocidade no Wi-Fi, optamos por não ter.”

Para Ribeiro, com a popularização do uso de smartphones, a organização da Campus Party vai ter de pensar numa forma de oferecer conexão Wi-Fi. “Acho que é uma questão de tempo para a organização ver que o Wi-Fi é necessário, independente da velocidade disponível.”

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