Saúde

Câncer de pulmão aumenta com demora no diagnóstico

Somente neste ano devem ser confirmados 27 mil novos casos da doença

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de pulmão é a principal causa de óbito, por câncer, no mundo, registrando cerca de 1,52 milhões de casos novos por ano. Além de apresentar rápido crescimento e grande probabilidade de disseminar-se para outros órgãos, a neoplasia é dificilmente rastreada em seu estágio inicial, diminuindo as chances de sobrevida do paciente.

Um dos fatores que pode atrasar o diagnóstico do câncer de pulmão, é a demora do paciente em procurar assistência médica. Aproximadamente 60% vão ao médico somente após um mês a partir do início dos sintomas, quando a doença pode já se encontrar em estágios avançados.

"O câncer de pulmão geralmente não tem sintomas específicos, embora muitos casos possam apresentar falta de ar, tosse e escarro com sangue. Nestes casos, um médico deve ser procurado com brevidade, para que o diagnóstico e início do tratamento aconteçam o quanto antes", afirma o dr. José Rodrigues Pereira, membro da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT) e coordenador da Comissão de Câncer.

Infelizmente, muitos pacientes demoram a procurar um médico, e mesmo quando o fazem, têm demora no diagnóstico porque os sintomas de câncer de pulmão, tuberculose ou pneumonia são muito semelhantes e acabam sendo confundidos, retardando o início do correto tratamento.

"Esse é um reflexo das deficiências encontradas na formação do médico no Brasil, que muitas vezes sai da faculdade sem saber a diferença radiológica entre o câncer de pulmão, a tuberculose e a pneumonia para um diagnóstico correto e de forma rápida", explica o especialista.

Dados alarmantes

No Brasil são esperadas para este ano a confirmação de cerca de 27 mil novos casos da doença. Além destes, cerca de outros possíveis 90 mil indivíduos poderão ter câncer de pulmão, mas não chegarão ao diagnóstico correto.

"Os dados são alarmantes e o erro ocorre pelo país inteiro. Porém, as regiões do Brasil menos assistidas pelos serviços de saúde merecem maior atenção. Nestes rincões, com certeza, o número de mortes ocasionadas pelo câncer e não confirmadas é maior", revela o médico.

Expectativa de vida – Mesmo com os avanços tecnológicos disponíveis, a expectativa de vida para os pacientes com câncer de pulmão ainda é baixa. "A partir do momento do diagnóstico, caso o paciente não inicie o tratamento, sua expectativa de vida mediana varia entre 4 e 6 meses. Aquele que iniciar o tratamento logo após o diagnóstico, poderá obter uma melhor sobrevida mediana entre 9 e 12 meses. Com o emprego de uma nova geração de medicamentos alvo específicos, em fase final de desenvolvimento, essa expectativa de vida poderá ultrapassar dois anos ".

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