Estadão

Candidatos no Peru pedem calma e respeito pelo resultado do 2º turno

Os eleitores do Peru votaram neste domingo, 6, em um segundo turno altamente polarizado para escolher seu presidente entre a direitista Keiko Fujimori, filha do ex-presidente preso que governou o país com mão de ferro Alberto Fujimori, e o esquerdista Pedro Castillo, um ex-professor de escola rural sem experiência administrativa. Em um país que teve quatro presidentes desde 2018 e está afundado em crises política, econômica e sanitária, os dois candidatos prometeram ontem aceitar o resultado das urnas e pediram "calma". Uma pesquisa de boca de urna do instituto Ipsos apontava Keiko com 50,3% e Castillo 49,7%.

Uma outra sondagem, do Instituto de Estudos Peruanos (IEP), só que feita no sábado, também dava vantagem a Keiko, mas só de 0,1 ponto porcentual.

Keiko começou o domingo tomando café da manhã com a família em uma encosta de uma colina de um bairro pobre de San Juan de Lurigancho, em Lima. Ela indicou que reconhecerá o resultado da votação, algo que não fez em 2016, quando perdeu para o banqueiro Pedro Pablo Kuczynski.

"Não sabemos qual será o resultado, mas seja o que for, primeiro ratifico nosso compromisso de respeitar a vontade popular, de dizer a vocês que caberá ao nosso país definir se devo servir como presidente do Peru ou como uma simples cidadã", disse a candidata de 46 anos, que tenta pela terceira vez se tornar a primeira mulher a governar o Peru. Keiko votou à tarde no distrito de Surco, em Lima.

Castillo também tomou café da manhã com sua família na sua casa no vilarejo de Chugur, no norte da região de Cajamarca, e foi votar ao meio-dia na cidade vizinha de Tacabamba, seguido nas ruas por centenas de apoiadores. "Vamos ser respeitosos assim que houver resultado oficial", disse o candidato de 51 anos, após votar na escola Simón Herrera.

"Peço calma ao povo peruano. Tenho certeza de que esta festa (eleição) será totalmente democrática", disse o candidato, que votou de paletó marrom e cartola branca, típica dos camponeses de Cajamarca. O candidato falou ainda que espera que os peruanos se unam independentemente do resultado das urnas. "Se não nos unirmos, não poderemos fazer o país avançar", afirmou.

Quem vencer terá o grande desafio de tomar medidas urgentes para superar a pandemia, a recessão econômica e a instabilidade política, além de lidar com um Congresso fragmentado, corrupção e má gestão pública.

Seja lá quem for o escolhido, porém, o Peru continuará mantendo um perfil conservador com a recusa de ambos postulantes em legislar sobre aborto, casamento homossexual e identidade de gênero.

O analista Luis Pásara disse que "vai demorar algum tempo a acalmar as águas, porque a polarização é forte e existe um ambiente de conflito social".

Para a cientista política Jessica Smith, se Keiko vencer, "não terá uma tarefa fácil, dada a desconfiança que seu nome e o de sua família geram em amplos setores". "Ela deve se concentrar em acalmar rapidamente os mercados e gerar medidas que permitam sua reativação."

Já caso Castillo saia vitorioso, afirmou Jessica, o esquerdista deve "mostrar liderança independente" de seus líderes partidários. "Além disso, ele terá de consolidar uma maioria parlamentar que lhe permitirá levar a cabo seu ambicioso programa de governo", afirmou.

<b>Voto estrangeiro </b>

No primeiro turno, os dois candidatos juntos tiveram pouco mais de 32% dos votos válidos, com vantagem para Castillo (18,9% ante a 13,4%). Com a disputa muito apertada, o voto dos peruanos que estão fora do país fará a diferença. Pelo menos 1 milhão de peruanos estavam aptos a votar em 75 países.

Os expatriados representam quase 4% dos 25 milhões dos aptos a votar. Apenas 0,8% compareceram no primeiro turno em abril, quando os bloqueios por causa da covid-19 eram comuns.

Segundo o chefe do Escritório Nacional de Processos Eleitorais do Peru, Piero Corvetto, com os programas de vacinação mais avançados em áreas onde a comunidade peruana é maior – Estados Unidos, Espanha, Argentina e Chile – a participação provavelmente aumentará e ficará próxima de 1,5%.

O novo presidente tomará posse em 28 de julho, dia em que o Peru comemora o bicentenário de sua independência, substituindo o presidente interino de centro Francisco Sagasti. No domingo, ele pediu a seus compatriotas "que respeitem escrupulosamente a vontade expressa nas urnas". (Com agências internacionais)

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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