Basta chover um pouco mais forte para que os moradores e comerciantes que vivem nos arredores do Lago da Vila Galvão, também chamado de Lago dos Patos, saberem que vão enfrentar sérios problemas, já que – devido à falta de escoamento – a água sobe rapidamente e invade os estabelecimentos no entorno da avenida Francisco Conde, a famosa 20 metros. No final de 2011, o prefeito Sebastião Almeida (PT) ainda em seu primeiro mandato e de olho na reeleição anunciou obras, que consumiriam mais de R$ 22 milhões e acabariam com o pesadelo de quem vive naquela região.
Porém, só parte da promessa foi cumprida. As obras começaram atrasadas e seguem a passos lentos, com término previsto para mais de um ano depois da data anunciada. Cansados com a situação e sentidos engados por Almeida, um grupo de moradores e comerciantes da região está convocando, via redes sociais, um ato nesta sexta-feira, dia 19, a partir das 17h, denominado: Retomada do Lago dos Patos na Vila Galvão, uma menção a um ano em que a população perdeu o direito de utilizar sem transtornos o equipamento público.
O ano eleitoral de 2012 começou cheio de esperanças para a população. Apesar de previsão de início de obras para janeiro daquele ano, apenas no meio do ano o local se tornou um verdadeiro canteiro de obras. Máquinas, escavações, ruas bloqueadas, discursos, fotografias que se revezavam com as chuvas, que ainda enchiam as ruas locais. Em um material de divulgação da Prefeitura, o compromisso de Almeida. "Os moradores desta região não poderiam ficar sem esta obra. Nossa função é resolver os problemas antigos da cidade e este é mais um que estamos solucionando. São 40 anos de um problema de enchentes que será resolvido", assegurou.
As obras efetivamente tiveram início em junho, quatro meses antes das eleições de outubro. Junto com as escavações, começaram também os pesadelos de moradores e comerciantes. Apesar dos R$ 22 milhões de recursos liberados pelo Orçamento Geral da União (OGU) e a promessa de conclusão em 12 meses, uma grande tartaruga se instalou na região da Vinte Metros, o local escolhido para a construção de um piscinão em uma área de 7.000 metros quadrados com capacidade para armazenar 33 mil metros cúbicos, o que equivale à metade do piscinão do Pacaembu.
Ruas no entorno do Lago dos Patos foram interditadas ao trânsito. Imediatamente, os comerciantes – vários restaurantes e também os dogueiros – viram suas vendas caírem. Moradores dessas vias passaram a ter grande dificuldade para acessar suas casas. Em dias secos, poeira. Nos dias de chuva, quando não alagava, barro para todo lado. Nesta semana, apesar de algumas vias já estarem liberadas ao tráfego de veículo, o asfalto cheio de remendos e buracos denunciam que ainda há muito o que fazer por ali. Nos pontos onde há obras, uma meia dúzia de máquinas para dizer que há homens trabalhando.
Em frente ao Teatro Nelson Rodrigues, na praça Cícero Miranda, ao lado de uma grande placa sobre a obra, um cheiro quase insuportável de esgoto, que tira o apetite de quem ainda se arrisca a buscar algum dos estabelecimentos para matar a fome. E nem sinal de luz no fim do túnel. Prometidas para serem entregues ainda em 2013, a própria Prefeitura – no início do ano – já anunciou que os atrasos devem superar um ano ou mais.
A justificativa para o atraso seriam levantamentos topográficos e mapeamentos das redes subterrâneas de gás, águas, esgoto e telefonia, como se isso já não deveria ter sido visto antes dos anúncios festivos, que serviram para enganar muita gente em ano eleitoral. .
A obra
Para execução dos trabalhos, a Prefeitura contratou a empresa Cronacon Ltda, responsável pela construção do reservatório no trecho compreendido entre a rua Campista e o Rio Cabuçu de Cima. O canteiro de obras foi montado na avenida Francisco Conde, local que abrigará o reservatório. As intervenções começaram a partir do rio Cabuçu em direção à Vila Galvão.
O projeto contempla ainda a readequação dos sistemas de drenagem e novas galerias nas vias: Campista, Gabriel Vasconcelos, avenida Francisco Conde, praça Cícero Miranda (Lago dos Patos), rua dos Coqueiros, rua Francisco Gonzaga Vasconcelos e rua São Daniel.