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Cantinho Animal – Transfusão de sangue

Os pequenos animais podem necessitar de transfusão de sangue, assim como nós. A transfusão sanguínea, também chamada de hemoterapia, constitui-se no ato de transferir sangue de um animal doador a um animal receptor que esteja extremamente anêmico e sujeito a risco de vida imediato, independente da sua causa. Considerada um procedimento de emergência, não pode ser visto como tratamento à determinada doença, e sim uma forma de suporte com o objetivo de manter a sobrevida do animal até que este se recupere, ou que seja encontrado o diagnóstico definitivo da injúria causadora da anemia.

Geralmente, a necessidade da transfusão está ligada a anemias severas, perdas de sangue repentinas por problemas hepáticos ou renais, hemoparasitas, parasitas intestinais e até ectoparasitas (pulgas e carrapatos), além de intoxicações, grandes cirurgias e após sessões de quimioterapia. Também pode ser indicativa em animais com baixa quantidade de proteínas no sangue e também como terapia estimulante, restabelecendo o sistema imunológico do animal e aumentando sua imunidade.

O animal doador deve ter mais de um ano de idade, pesar mais de 25 kg no caso dos cães e mais de 5 kg no caso dos gatos. Em geral, o doador deve apresentar temperamento dócil para a realização da coleta, estar clinicamente sadio, em boa condição física, livre de doenças infecto-contagiosas e parasitas, além da vacinação em dia. Num cão que tenha o peso ideal, retiram-se geralmente cerca de 450 ml. No gato, o volume é muito menor (em média 50 ml).

A única contraindicação que deve ser levada em conta é a incompatibilidade sanguínea que se caracteriza pela impossibilidade de se misturar dois tipos de sangue. Existem cerca de 8 grupos sanguíneos nos cães e de 3 grupos nos gatos. Num cão, a probabilidade de ocorrerem reações graves numa primeira transfusão é muito pequena, o que nos permite ter a liberdade de transfundir numa situação de urgência sem realizar a tipagem.

Ou seja, a primeira transfusão é relativamente segura uma vez que o animal nunca entrou em contato com sangue diferente do seu e não produziu células de defesa; diferente dos gatos que possuem células de defesa mesmo sem nunca terem sido transfundidos.

Portanto, doar sangue é um ato de amor, e no caso dos animais cabe a nós tomarmos esta decisão. Entre os nossos amigos de quatro patas, doar sangue também é dar vida!

Rafael Claro Marques
(CRMV-SP 18.849) é médico veterinário e pós-graduado em Clínica Médica de Pequenos Animais
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