Em 2010, Luísa Maita era um dos nomes que se destacavam numa então renovada cena de compositoras paulistanas que se formou não muito depois de Céu despontar. Na época, Luísa lançou seu excelente primeiro disco autoral, Lero-Lero, orgânico e cheio de brasilidade. Seis anos depois, reouvir Lero-Lero e colocar, na sequência, seu segundo disco, Fio da Memória, que está sendo lançado agora, causa estranhamento, como se fossem duas artistas distintas, unidas talvez pela interpretação segura, personificada de Luísa e por seu flerte com a sonoridade brasileira – que, no novo disco, ganha releitura mais contemporânea, em faixas como o samba eletrônico Folia.
Houve uma ruptura, de certa forma. Luísa se despiu de sua versão mais acústica e mergulhou de cabeça nas texturas eletrônicas. E, dessa incursão, saíram ótimas faixas, como Around You, misturando batida tribal e letra em inglês, Na Asa e Fio da Memória, que nasceu de um samba tradicional brasileiro (segundo conta Luísa) e avançou para um universo intimista recriado com sintetizadores, programação, baixo, guitarras e bateria. Não busque vestígios de Lero-Lero em Fio da Memória – pouco dele será encontrado lá. Mas o artista tem de criar e se recriar. E Luísa faz isso em seu novo trabalho de uma forma surpreendente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.